31.8.16

Da Oração



Para rezar junto ao mar

A dada altura no Evangelho de São Mateus pode ler-se: «Jesus saiu de casa e foi sentar-se
junto do mar» (Mt 13,1). Ponho-me a pensar nas nossas pequenas migrações de Verão.
Milhões de pessoas repetem este gesto de Jesus. Eu acredito que tal como os outros gestos de
Jesus, nesse também há um gesto libertador. Há uma liberdade que o vento fresco do mar
arrasta para o nosso coração. Somos habitados por uma fome de vastidão, de silêncio e de
beleza que a contemplação do oceano consola. Porque, como escrevia Fernando Pessoa, somos
da altura do que vemos e não simplesmente da nossa altura.


De Geógrafos a Viajantes

A oração faz-nos passar de falantes a experimentadores, de geógrafos a viajantes; torna-nos
peregrinos. A oração tem este critério de verdade: não são as palavras que repetimos o mais
importante. O que o a gente verdadeiramente não esquece, Senhor, é o toque do Teu olhar
misericordioso, a delicadeza extraordinária da Tua misericórdia que se derrama sobre as nossas
feridas, desacordos e incertezas. O que a gente não esquece é a experiência da Graça
desenhada pela Tua presença, a maior parte das vezes até silenciosa, mas que brilha dentro
das nossas noites com o brilho da estrela que anuncia a manhã.

[José Tolentino de Mendonça - um Deus que dança - 107/08]

29.8.16

Gotas de cura interior

 
 Colírio de vida!
 
Rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria que nos revele o conhecimento dEle; que ilumine os olhos do nosso coração para que compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que Ele reserva aos santos, e qual a suprema grandeza de Seu poder para connosco, que abraçamos a fé (Ef 1,17-19).
 
 
A vida é sempre imprevisível. Aliás, se fosse programada seria muito triste. Que bom que a vida foge de nossos programas. Ela é sempre maior que nossos planos e projectos. Nem sempre veremos os resultados do que fazemos. Nenhuma semente jamais vê a flor ou o fruto. É bom lembrar essa verdade, especialmente nos momentos difíceis que teremos que superar.
 
Um dos grandes segredos para um coração curado é aprender a enxergar a vida pelo ângulo correcto. Ainda que os acontecimentos sejam difíceis, a chave para a nossa felicidade está no modo como reagimos.
 
Do mesmo jeito que a poeira atrapalha nossa visão, e de vez em quando é preciso pingar algumas gotas de colírio para lavar os olhos e tirar o ardor, os olhos do nosso coração precisam receber muitas gotas de colírio de vida, com o qual Jesus veio nos presentear  pela graça da Cura Interior.
 
(...) desenvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus [...] e não vos deixeis abater pelo desânimo (Hb 12,Ib.3).
 
O desânimo que nos abate é muito mais fruto do modo como olhamos para os problemas do que os problemas em si. Temos aqui dois grandes segredos: enxergar com os olhos do coração e mirar no alvo seguro apontado por Jesus.
 
Assim como um bom músico educa seu ouvido para perceber as pequenas variações dos acordes, precisamos educar nossos olhos e os olhos do coração. Isso requer tempo e persistência. Para isso necessitamos de um bom mestre, tal como um aluno de artes plásticas necessita que seu professor lhe empreste os olhos para observar os detalhes de uma obra: cor, luz, sombra, profundidade, etc.
 
Nosso mestre é Jesus! Sua postura é sempre de alguém que enxerga além do óbvio. Quem vê somente o óbvio não enxerga. Jesus manda olhar para as coisas, para as pessoas e para os acontecimentos, de um jeito novo. Ele tem um olhar que vai além da convenção social. Por isso, enquanto  todos viam uma prostituta, Ele enxergava uma discípula.  Jesus não olhava a partir dos preconceitos. Ele estava sempre desarmado e ajudava as pessoas a se desarmarem.
 
Jesus não tinha medo de se aproximar das pessoas. Permitia que elas O tocassem. Sentava-se com elas. Frequentava a casa até de pessoas de má fama. Misturava-se com os pecadores e marginalizados. Sua opção pelos excluídos é um ensinamento espectacular de cura interior. Jesus enxergava a alma da pessoa. Por isso acreditava na capacidade de mudança. Só quem vê o que está escondido é capaz de projectar algo novo. Quem não vê além do óbvio, não sonha!
 
O colírio da vida, receitado e usado por Jesus, precisa ser empregado com muita frequência por todos aqueles que se encontram sedentos dessas gotas de cura interior.
 
 
[trechos de: Gotas de cura interior - Padre Léo, SCJ - Ed. Canção Nova]

A vós que governais

 
1Amai a justiça, vós que governais a terra,
tende para com o Senhor sentimentos rectos
e buscai-o com sinceridade de coração.
2Porque Ele deixa-se encontrar por aqueles que não o tentam
e revela-se aos que não perdem a fé nele.
3Com efeito, os pensamentos perversos afastam de Deus;
e o seu poder, posto à prova, confunde os insensatos.
4A sabedoria não entrará numa alma maligna
nem habitará num homem sujeito ao pecado.
5O espírito santo, que nos educa, foge da duplicidade,
afasta-se dos pensamentos insensatos,
retira-se ao aproximar-se a iniquidade.
(Sb 1,5)
 
Assim seja, ámen!
 
 

28.8.16

Bom e Santo Domingo

 
 
O Verdadeiro sentido da Eucaristia converte-se por si só numa escola de amor activo pelo
próximo.
É da Eucaristia que todos nós recebemos graça e força para a vida diária, para vivermos a vida
cristã com a alegria de sabermos que Deus nos ama, que Cristo morreu por nós e que o
Espírito Santo vive em nós.
 
8.

[Trechos - Orar - S. João Paulo II]
 

Nada de nada

«Rei da Glória»
 
 

Ó Jesus Santíssimo
Verdade indiscutível
Amor infalível!
 
Por Tua vontade
quis ser nada
aos olhos do mundo;
Por Teu amor
de tudo, sou despojada
menos de minha fraqueza,
Tua bondade,
e Tudo tenho:
em Ti, em qual tamanho
encontro Tua grandeza!

Que o meu silêncio
grite a Tua voz
e a minha miséria
ostente a Tua riqueza.
Sou rica de Vós
Ó Jesus!
 
É o meu nada - segredo nosso
porque o mundo não Te crendo
ciente de que nada posso,
e em mim, só o nada vê,
não vê que Teu Reino vai crescendo
em mim, e engrandece em Tua fé.
 
Ó Luz!
 
Precisei ser cega para Te ver
e surda para Te ouvir;
incrédula do mundo
para Te crer
e sábia de nada,
para no meu fundo
Te descobrir,
Te conhecer;
e, de mim própria liberada,
Te querer seguir.
 
Ó Jesus!
 
Tens-me
aos pés da Cruz do meu Salvador.
E, as lágrimas que choro
serão de alegria
como Tua morte, por nosso Amor,
Te fez o Rei da Glória.
Senhor do Reino onde já moro!

21.8.16

Bom e Santo Domingo!

 
 
§ Comunhão, união, comunicação, confidência: Palavra, Pão, Amor.
 
 
§ Aí o tens: é Rei dos Reis, e Senhor de Senhores. - Está escondido no pão.
Humilhou-Se até esse extremo por amor de ti.
 
 
[S. Josemaria Escrivá - Caminho]

Maria, Mãe de Deus

 
Maria, Mãe de Deus e nossa
 
Deus Caritas Est
 
 42 À vida dos Santos, não pertence somente a sua biografia terrena, mas também o seu viver
e agir em Deus depois da morte. Nos Santos, torna-se óbvio como quem caminha para Deus
não se afasta dos homens, antes pelo contrário torna-se-lhes verdadeiramente vizinho. Em
ninguém, vemos melhor isto do que em Maria. A palavra do Crucificado ao discípulo — a João
e, através dele, a todos os discípulos de Jesus: « Eis aí a tua mãe » (Jn 19,27) — torna-se
sempre de novo verdadeira no decurso das gerações. Maria tornou-Se realmente Mãe de todos
os crentes. À sua bondade materna e bem assim à sua pureza e beleza virginal, recorrem os
homens de todos os tempos e lugares do mundo nas suas necessidades e esperanças, nas suas
alegrias e sofrimentos, nos seus momentos de solidão mas também na partilha comunitária; e
sempre experimentam o benefício da sua bondade, o amor inexaurível que Ela exala do fundo
do seu coração. Os testemunhos de gratidão, tributados a Ela em todos os continentes e
culturas, são o reconhecimento daquele amor puro que não se busca a si próprio, mas quer
simplesmente o bem. A devoção dos fiéis mostra, ao mesmo tempo, a infalível intuição de
como um tal amor é possível: é-o graças à mais íntima união com Deus, em virtude da qual se
fica totalmente permeado por Ele — condição esta que permite, a quem bebeu na fonte do
amor de Deus, tornar-se ele próprio uma fonte «da qual jorram rios de água viva» (Jn 7,38).
Maria, Virgem e Mãe, mostra-nos o que é o amor e donde este tem a sua origem e recebe
incessantemente a sua força. A Ela confiamos a Igreja, a sua missão ao serviço do amor:
 
 Santa Maria, Mãe de Deus,
 Vós destes ao mundo a luz verdadeira,
 Jesus, vosso Filho – Filho de Deus.
 Entregastes-Vos completamente
 ao chamamento de Deus
 e assim Vos tornastes fonte
 da bondade que brota d'Ele.
 Mostrai-nos Jesus.
 Guiai-nos para Ele.
 Ensinai-nos a conhecê-Lo e a amá-Lo,
 para podermos também nós
 tornar-nos capazes de verdadeiro amor
 e de ser fontes de água viva
 no meio de um mundo sequioso.
 

[BENEDICTUS PP. XVI - Deus Caritas Est, 42]
do-sumo-pontifice-bento-xvi/

19.8.16

É preciso rezar

 
A Oração é a primeira e fundamental condição de colaboração com a Graça de Deus. É preciso
rezar para obter a Graça de Deus e é preciso orar para poder cooperar com a Graça de Deus.

Através da Graça, Deus revela-se em primeiro lugar como misericórdia, isto é, como Amor que
vai ao encontro do homem que sofre. Amor que sustém, Amor que levanta, Amor que convida a ter confiança.
 
 
S. João Paulo II

Eva Lavallière

Oração - conversão
 
 
Eva Lavallière era uma atriz de vida desregrada, que fascinava as multidões. Cerca dos
quarenta anos, conheceu um "Pentecostes interior" e o Espírito Santo desceu sobre sua cabeça.
Converteu-se e terminou sua vida na oração e na penitência.
Disse um dia ao falar do Santíssimo Sacramento: "Cristo cativa-nos muito mais profundamente
do que a sensiblidade o pode fazer. Pega na música que mais te seduz, que te faz contemplar,
sem teres que te concentrar e põe-a a tocar 25 vezes de seguida e conhecerás bem depressa a
"noite dos sentidos", a ponto de não seres mais capaz de a suportar."
 
§ Com a oração, acontece algo completamente diferente, pois tu nunca chegas a cansar-te
dela. Entre os bens sensíveis e espirituais, há grande diferença. Um bem sensível, quanto
menos o temos, mais o desejamos. Enquanto que, com os bens espirituais, quanto mais os
temos, mais os desejamos, pois eles fazem nascer em nós uma sede de infinito.
Na sua "Vida de Moisés", São Gregório de Nissa diz que "a visão de Deus não é outra coisa
senão o desejo de Deus". Quanto mais o homem «vê» o Olhar do Pai na oração, mais ele
deseja orar.
 
§ Quando Santa Teresa de Ávila fala da oração às carmelitas, praticamente diz-lhes isto: «Eu
não vos peço tanto para olhardes Cristo durante a oração, mas, sim, mais para tomardes
consciência do facto de Ele, vosso Esposo, não cessar um momento de vos olhar».
 
Fazer oração é tomar consciência do facto de que Cristo deseja e espera a tua oração como um
regresso da criatura ao Pai. Uma vez que entraste junto dEle pela oração, Deus deseja que
nunca mais saias desse lugar. «Por isso, a verdadeira oração que conseguiu responder ao
desejo benevolente de Deus deve continuar secretamente no fundo do teu coração por meio de
um diálogo sem palavras, após teres deixado o lugar da oração», diz o Padre Matta-el-Maskine,
que foi superior no mosteiro de São Macário, no deserto de Cítia, mais tarde sendo eremita 
numa gruta em Wadi-e-Natroun).
 
 
[Jean Lafrance]
Img: Pinterest

16.8.16

Sofrimento


Espinhos - II

Como um cirurgião, um amigo fiel pode, às vezes, chegar a ferir-nos - a cortar-nos -,  mas
para o nosso maior bem. Jesus sofreu o Jardim de Getsémani, onde ainda hoje crescem as
mesmas oliveiras, cujos frutos podemos colher:

"Eu sou a verdadeira vida e meu Pai é o agricultor. Todo o ramo que em mim não produz fruto
Ele corta-o, e todo o que produz fruto, poda-o, para que produza mais fruto ainda" (Jo 15,1-2).

"Meu Deus, nunca Vos agradeci pelos meus espinhos. Agradeci as rosas recebidas; porém, nem
uma só vez os meus espinhos... Mostrai-me que foi pela vereda da dor que cheguei a Vós.
Fazei-me compreender que as minhas lágrimas se transformaram em arco-iris. Ah! esses
espinhos terríveis, pontiagudos, ferinos!... Que peso imenso de glória eterna eles podem
representar para mim!"

G. Mattheson.


[Momentos - Ed. Paulistas]

Img: https://paralemdoagora.wordpress.com/2014/01/13/a-rosa-e-seus-espinhos/
 
 
 

Sofrimento

 
Espinhos
 
Sugestão de resposta para o Sofrimento físico e mental:
 
"Imagina que és uma casa viva. Deus vem para reconstruir essa casa. A princípio, talvez
consigas entender o que Ele faz... Mas suponhamos que, depois Ele começa a martelar a casa,
de maneira a causar estragos incríveis, que aparentemente não têm sentido.
Será possível?! Que estará Ele pensando fazer?
A explicação consiste no facto de que Ele está construindo outra totalmente diferente daquela
em que pensaste... Está construindo um palácio. Ele mesmo pretende instalar-Se nele para lá
morar definitivamente."
 
C.S. Lewis
 
"Lembrai-vos de que modo o Senhor vosso Deus vos conduziu durante todo o percurso através
do deserto, nestes quarenta anos, a fim de vos humilhar, de vos pôr à prova e de conhecer o
fundo do vosso coração: ireis guardar ou não os Seus mandamentos?" (Dt 8,2).
 
«Basta-te a Minha graça» (2Cor 12,9)
 
1.
 

15.8.16

Assunção e Ascensão

Assunção de  N Senhora
 
 
Você sabe a diferença entre Assunção e Ascensão?
 
(A pergunta não é minha, mas, como por casualidade ontem no final da Missa o Padre alertou que a Celebração da tarde já seria 'vespertina' para a da "Ascenção" de Nossa Senhora, vim conferir...)
 
Hoje é dia de Assunção de Nossa Senhora. A igreja em todo o mundo celebra a subida de Maria
ao céu. Contudo, você sabe o que significa assunção? E a igreja já celebrou a ascensão de
Jesus Cristo? Como assim?
 
Deu um nó, não é? Embora as palavras sejam parecidas seu significado e sua festas são
distintas.
 
Ascensão de Jesus Cristo celebra-se depois do Tempo Pascal encerrando esse período de festa
pela ressurreição de Cristo e marca o anuncio da chegada de Pentecostes. É uma festa móvel
da igreja. A Ascensão de Cristo significa que Jesus subiu ao céu – At 1, 1- 11. O significado da
festa também é o da palavra. Ascender significa subir por sua conta. Cristo vai ao céu pelo seu
poder. Ninguém o leva.
 
Já a festa da Assunção de Nossa Senhora, marca um dia importante na vida do católico, pois
celebramos um dos dogmas marianos mais importantes. Maria subiu ao céu e é santa. A
Assunção de Maria significa que o magnifica, oração cantada por Maria se cumpriu – Lc 1. Ser
assunto significa que alguém o levou. Maria foi assunta ao céu. Jesus a leva. Aí está o sentido
desta festa. Maria é levada ao céu pelo seu Filho e Mestre Jesus.
 
Então, a diferença entre assunção e ascensão é simples. Ascensão é subir ao céu por sua
conta, como Cristo fez. Assunção é ser levada ao céu, como é o caso de Nossa Senhora.

 
Falou, aqui :https://oanunciador.com/2013/08/15/voce-sabe-a-diferenca-entre-assuncao-e-
ascensao-2/
Img: blog.cancaonova.com
 
 

13.8.16

O Rosário

 
 

O Rosário quotidiano tem tantos inimigos, que eu considero um dos mais assinalados favores de Deus a graça de perseverar nele até a morte. Perseverai nele e tereis a coroa admirável que está preparada para a vossa fidelidade: permanece fiel até à morte e te darei a coroa da vida 
(Ap 2,10).
 
 
 
S. Luis Maria Grignion de Montfort

 

12.8.16

Hino de louvores - S Francisco

S. Francisco Assis - As chagas
É sabido que Francisco de Assis recebeu as cinco Chagas de Cristo nas mãos, nos pés e no lado, no dia 14 ou 15 de setembro de 1924, no monte Alverne. Talvez não se saiba tanto é se foi então
que ele compôs o seu hino de louvores a Deus, onde mais uma vez os nomes de altíssimo e rei
precedem o de Pai:
 
 
Tu és santo, Senhor Deus único, o que fazes maravilhas.
Tu és forte,
Tu és grande,
Tu és altíssimo,
Tu és rei omnipotente,
Tu, Pai santo, o rei do céu e da terra!
Tu és trino e uno, Senhor Deus, todo o bem.
Tu és bom, todo o bem, o soberano bem,
Senhor Deus, vivo e verdadeiro!
Tu és caridade, amor!
Tu és sabedoria!
Tu és humildade!
Tu és paciência!
Tu és mansidão!
Tu és segurança!
Tu és descanso!
Tu és gozo e alegria!
Tu és a nossa esperança!
Tu és justiça e temperança!
Tu és toda a nossa riqueza e saciedade!
Tu és beleza!
Tu és mansidão!
Tu és o protector!
Tu és o nosso guarda e defensor!
Tu és fortaleza!
Tu és consolação!
Tu és a nossa esperança!
Tu és a nossa fé!
Tu és a nossa caridade!
Tu és a nossa grande doçura.
Tu és a nossa vida eterna,
o Senhor grande e admirável,
o Deus omnipotente,
o misericordioso Salvador!

 
São Francisco de Assis
 
 
meu-tudo
de-assis

10.8.16

Nascimento da Mãe de Deus

Sermão do Nascimento da Mãe de Deus
 
 
 

"Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno
de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede para
que nasceu...

Nasceu para que dEla nascesse Deus...

Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial
Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde;
Perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios;
Perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo;
Perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação;
Perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres;
Perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança.
Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz;
Os discordes, para Senhora da Paz;
Os desencaminhados, para Senhora da Guia;
Os cativos, para Senhora do Livramento;
Os cercados, para Senhora da Vitória.
Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; o
Os navegantes, para Senhora da Boa Viagem;
Os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso;
Os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte;
Os pecadores todos, para Senhora da Graça; E todos os seus devotos,
para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só
voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus"


Sermão do Nascimento da Mãe de Deus
Padre António Vieira

http://blog.cancaonova.com/pdf

O sentido da vida

 
Contam que um velho sábio contemplou o mundo do alto de uma montanha. Viu gente se
amando e gente se matando. O velho sábio desceu a montanha e perguntou a uns:
 
— Por que vocês se matam?
— Porque ainda não descobrimos o sentido da vida - disseram eles.
 
E o velho sábio perguntou aos outros:
 
— Por que vocês se amam?

—  Porque já descobrimos o sentido da morte - sorriram...
 
O velho subiu novamente à montanha e interrogou a si mesmo:

— O que será preciso fazer para descobrir o sentido da vida e da morte?
 
Você possui a resposta. De Belém ao Calvário, da Páscoa ao dia da Ascensão, Jesus mostrou o caminho, ensinando-nos que é dentro do coração humano que a grande revolução do amor deve acontecer; ser pobre, ser justo, ser fraterno, ser verdadeiro,  misericordioso, optimista e cordial. Nesta agenda revolucionária, a vida vence a morte e  a própria morte se transforma em vida.
 
Quem semeia esperança, nos caminhos dos homens, colhe paz e amor. Uma das coisas boas da
existência, é viver cada segundo como se fosse o último, com jeito de ... NUNCA MAIS!
 
O mundo não envelhecerá, enquanto você e eu continuarmos sorrindo, acreditando,
empenhando-nos a fundo na sua transformação. Deus está connosco. E Deus, é sempre jovem.
 
O que amarrota, planta rugas e faz caducar, é o desânimo, o pessimismo, a falta de esperança,
a irresponsabilidade, falta de Fé e de entusiasmo dos que nasceram para testemunhar, para
construir e para dizer ao mundo que Deus é sempre jovem.

O que mata e faz envelhecer é o egoísmo, a prepotência, covardia e a omissão...
 
Esta é a grande tarefa que Cristo nos deixou:

Contagiar, na força pascal do Evangelho, tudo o que morre e vai envelhecendo sobre a face da
terra.
 
Lino Villhaçá é um paciente do sanatório S. Julião, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso
do Sul. Portador do mal de Hansen, desde a idade de 12 anos. A dor não o revolta e a doença,
que o limita, não o isola espiritualmente do grande milagre e ânsia de viver. De dentro daquele
tronco retorcido brotam elementos de vida. Lino, com sua lepra, tem mais vida que muita vida
que se arrasta por aí...
 
Ele escreveu um poema, intitulado:  "Acto de fé nos homens" E dele surgem pensamentos
magníficos como este:
 
— De dentro de todo o mal que existe, eu creio no bem, como no ventre da noite creio no amanhecer.
 
E, numa entrevista, confessa:
— Tudo é difícil para mim; até para um copo de água, dependo da boa vontade de alguém.
Minha filosofia de vida, é: lutar e vencer. Por serem tão difíceis é que as pérolas valem tanto e,
ao procurá-las, conquista-se o mar...
 
— Amo a vida sem revolta, porque o importante é manter nela, vivo e íntegro, o amor em Deus,
através das coisas boas que existem.

Ele já escreveu dois livros. Seu pensamento é triste e forte - um grito de de dor e de esperança; um acto de fé indómito. Diante do Cristo crucificado, Lino diz:
 
— Senhor, quando vejo homens se sacrificando por gente sem nome e lugar;
quando vejo homens se consumindo por um ideal de liberdade e de dignidade
para os demais seres humanos, então eu entendo, Senhor,
por que Te deixaste prender nesse triste madeiro e como chega até mim a luz do teu divino gesto de amor!
 
Com sua lepra, numa cadeira de rodas, tem mais vida que muita vida. Ama a vida e seus
irmãos por ter descoberto o sentido da vida e da morte.

Investe na vida toda a sua fé e esperança, e,  no seu sofrimento, encontrou a luz que brota do
Calvário, da Eucaristia, da Ressurreição. E a grande alma de Lino jorra clarões de Páscoa,
dentro dos nossos cansaços e desalentos, a incentivar-nos, a crer e a prosseguir na tentativa
de iluminar um pouco o palco conflituante do mundo, no qual nos movemos. É dele este verso
encorajante e banhado de optimismo:
 
— Por que chorar o que se perdeu?
Faço valer o pedaço que me ficou...
...,
 
"Quando chover, em vez de chorar,
lembre de mim, que, não cedi um palmo!"
 
Deus está connosco e é Jovem em cada amanhecer!
 
 
[Trechos — Roque Schneider Na escola da vida-2]
 

9.8.16

Mas em Ti encontro a Luz

Mas em Ti encontro a Luz


Oração contra o desânimo
 
Meu Deus, a ti eu clamo: dentro de mim há trevas, mas em ti encontro a luz.
 
Sinto-me sozinho (a), mas tu não me abandonas. Estou desanimado (a), mas em ti encontro auxílio.
 
Estou inquieto (a), mas em ti encontro a paz.
 
Dentro de mim há amargura, mas em ti encontro paciência. Não compreendo teus planos, mas tu conheces o meu caminho.
 
Vinde, Senhor em meu auxílio. Retira minha alma do abismo da morte. Cura e liberta meu coração de todas as amarras. Preciso de ti, Senhor.
 
Socorre-me em minhas angústias, ansiedade e todas as minhas preocupações. Muda tudo o que eu não posso mudar Senhor.
Ámen.

Rezar 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Gloria ao Pai


Orações-Paróquias.org 

Florinhas de S. Francisco de Assis

Como S. Francisco, em companhia de frei Leão,
rezou Matinas sem Breviário

Capítulo IX

Estando uma vez S. Francisco, nos primeiros tempos da Ordem, com frei Leão, em um
eremitério, onde não havia livro para rezar o ofício divino, quando foram horas de matinas, disse S. Francisco a frei Leão:

– Caríssimo, nós não temos breviário por onde possamos rezar Matinas; mas, para empregarmos o tempo nos louvores de Deus, eu irei dizendo e tu hás-de responder, conforme ao que te ensinar; e acautela-te de não trocar as palavras que te eu disser. Eu direi desta forma: «Ó frei Francisco, tu fizeste tantos males e tantos pecados no século, que és digno do inferno». E tu, frei Leão, responderás:

«Verdadeira coisa é que mereces o inferno profundíssimo».

E frei Leão respondeu com simplicidade columbina:

– De boamente, padre. Começa em nome de Deus.

Então S. Francisco começou a dizer:

– Ó frei Francisco, tu fizeste tantos males e tantos pecados no século, que és digno do inferno.

Respondeu frei Leão:

– Por ti fará Deus tantos bens, que irás para o paraíso.

– Não digas assim, frei Leão; mas quando eu disser: «Ó frei Francisco, tu praticaste tantas
iniquidades contra Deus, que merecedor és de que Ele te amaldiçoe»; tu hás-de responder:
«Verdadeiramente és digno de ser metido entre os réprobos».

E frei Leão respondeu:

– Assim farei, padre.

Então S. Francisco, com muitas lágrimas e suspiros, a bater no peito, disse em alta voz:

– Ó Senhor meu, Deus do céu e da terra, eu cometi tantas iniquidades e tantos pecados contra
Ti, que, em verdade, sou digno da tua maldição.

E frei Leão contestou:

– Ó frei Francisco, Deus te fará tal, que entre os benditos serás singularmente bendito.

E S. Francisco, surpreendido de que frei Leão respondesse ao contrário do que lhe tinha
imposto, repreendeu-o dizendo:

– Porque não respondes como eu te ensino? Mando-te, por santa obediência, que respondas tal
qual eu te ensinar. Eu direi assim: «Ó frei Francisco, miserável, pensas tu que terá Deus misericórdia de ti, depois de teres cometido tantos pecados contra o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação,que nem digno és de alcançar misericórdia?» E tu, frei Leão, minha ovelhinha, hás-de
responder: «De nenhum modo és digno de alcançar misericórdia».

Mas quando S. Francisco disse: «Ó frei Francisco, miserável, etc.», frei Leão respondeu:

– Deus Pai, cuja misericórdia é infinita mais do que teu pecado, fará contigo grande
misericórdia, e te cobrirá de muitas graças.

A esta resposta, S. Francisco, docemente irado e pacientemente perturbado, disse a frei Leão:

– Porque presumiste ir contra à obediência, que já são tantas vezes que respondes o contrário
do que te eu disse e mandei?

Respondeu frei Leão, com muita humildade e reverência:

– Padre, Deus me é testemunha de que, todas as vezes, eu quis, deveras, responder como tu
mandavas; mas Ele me obrigou a falar como era de sua vontade, e não como eu queria.

De que S. Francisco tomou grande maravilha, e disse a frei Leão:

– Eu te peço encarecidamente que desta vez me respondas como eu te disser.

Respondeu frei Leão:

– Diz, em nome de Deus, que, por certo, desta vez, te responderei como desejas. E S. Francisco, chorando, disse:

– Ó frei Francisco, miserável, pensas tu que Deus terá misericórdia de ti?

E frei Leão respondeu:

– Antes receberás de Deus inumeráveis graças, e te exaltará e glorificará na eternidade,
porque todo o que se humilha será exaltado. E eu outra coisa não posso dizer, porque Deus fala
por minha boca. E, assim, nesta humilde contenda, com muitas lágrimas e consolações espirituais, vigiaram até de manhã.

Seja Cristo louvado.
Ámen.
 
 
[Trechos - S. Francisco de Assis]

6.8.16

Miserere


MISERERE

Ano da Misericórdia

Se só Deus pode ser meu Salvador, se sou impotência e Ele omnipotência; se sou fragilidade e
Ele misericórdia, a salvação consiste em sair de mim mesmo nas asas da confiança,
 tranformar-me num pouquinho de barro, e colocar-me, humilde e submisso, nas suas mãos e
repetir incessantemente: «Lava-me» (v.9), «purifica-me» (v.4) «apaga os meus pecados» 
(v.3), «cria em mim um coração puro» (v.12) e a isto se reduz o Salmo 51: Não ficar a olhar
absorto as minhas negras vertentes, mas os espaços infinitos de Sua Misericórdia.

Miserere

Humildade - confiança

Eis a alma do Salmo 51. Contrastando com o binómio de morte (vergonha-tristeza), o Salmo
51 levanta bem alto o binómio de vida: humildade-confiança. Está aqui a salvação e a vida.
«Compadece-Te de mim, ó Deus, pela Tua bondade; pela Tua grande misericórdia, apaga os
meus pecados» (v.3)
Este é o acorde que dá o tom (e tom maior) a toda a sinfonia do salmo...

                                                                     *  *  *

Derrama sobre mim, meu Deus as águas das tuas fontes sagradas, para que eu fique puro,
como uma criatura recém-nascida. Insisto: Não Te canses; volta a submergir-me nas águas 
purificadoras da Tua misericórdia, lava-me uma e outra vez, e verás como a minha alma fica
mais branca do que a neve das montanhas (v.9).
 
Desperta em mim, meu Deus, todas as harpas da alegria; pulsa as cordas do gozo, no mais
íntimo do meu ser , os ossos humilhados levantem a cabeça, para entoar o hino da alegria; a
minha, que foi abatida pela tristeza e pela vergonha, agora, ao ser visitada pela Tua misericórdia, pode beber a água fresca da alegria (v.10).
 
Afasta o Teu olhar  destas chagas coaguladas, ou melhor, fita-as com ternura curadora. De
novo Te peço: varre e apaga os sinais, as cicatrizes, que as fraquezas e as culpas deixaram
mim (v.11).
 
Meu Deus, toca a substância mais afastada do meu ser, e realiza em mim uma nova criação; Tu
que tudo podes, repete em mim o prodígio da primeira manhã do mundo: coloca em mim uma
nova natureza, recém saída das tuas mãos; deposita no meu peito um coração novo, cheio de
bondade, mansidão, paciência e humildade; e reveste-o de uma firmeza de aço (v.12).
 
Por favor, não me expulses da Tua pátria, da luz do Teu olhar; não retires de mim, por favor, a
Tua mão consoladora e a assistência do teu Espírito (v.13). Um dia, meu Senhor, a alegria,
assustada como uma pomba, fugiu da minha casa; devolve-ma, Senhor; que ela regresse feliz
aos meus beirais, para que a minha seja música para os teus ouvidos; e não te esqueças de
colocar no meu cimento um material nobre e generoso (v.13).
 
Livra-me do sangue, meu Deus, e das suas tiranias; livra-me destas leis que, inexoravelmente,
me levam para dentro e para o centro, onde se ergue a minha própria estátua. Liberta-me das
ataduras, cadeias e exigências do meu egoísmo, Tu que és o meu único Libertador, e verás
como a minha língua entoa, aos quatro ventos, o hino da libertação (v.16).
 
Sei muito bem, ó meu Deus, que Tu nunca desprezas «um espírito humilhado e contrito»
(v.19). E a única coisa que posso oferecer-te, a maior homenagem que posso prestar-te é
acreditar, acima de tudo, na tua ternura, e deitar-me nos teus braços, reconhecido e confiante.


Trechos, Ignacio Larranaga - Salmos para a Vida

3.8.16

Ajuda-me Senhor...

Frei Anselmo, o Mestre Espiritual como todos o conhecem, é essa luz que brilha no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro. Diariamente, sentado no Salão de Atendimento ele
ouve as confissões, com calma e tendo sempre uma palavra de incentivo e esperança. Nem sempre precisa passar a palavra. Sua vida é uma lição. Mesmo sem a visão, que a perdeu quando ainda era seminarista, não desistiu do sonho de ser sacerdote. “Quando todas as portas pareciam  irremediavelmente fechadas, Deus me abria uma nova porta e me apontava um novo caminho a seguir”. Natural de Gaurama, Rio Grande do Sul, Frei Anselmo nasceu no dia 31 de outubro de 1930. Vestiu o hábito franciscano no dia 19 de dezembro de 1959 e foi  ordenado presbítero no
dia 4 de outubro de 1962.
É conferencista e autor de 12 livros. Tem seus livros publicados na Alemanha, Argentina, Peru,Venezuela e México.

Ajuda-me, Senhor, a amar como Tu me amas
e a compreender como Tu me compreendes.

Ensina-me, Senhor, a aceitar os outros como Tu me aceitas,
respeitando-os como Tu me respeitas
e suportando-os com paciência,
como Tu me suportas com paciência infinita.

Ajuda-me, Senhor, a perdoar como Tu me perdoas
e a fazer pelos outros todo o bem que fazes por mim.
Senhor, Tu que me aceitas como eu sou,
ajuda-me a ser o que Tu queres que eu seja,
Tua semelhança no amor.

Transforma o meu coração para que ele seja bom, justo, manso, paciente, compreensivo, generoso, tolerante e cheio de misericórdia, para que através do meu amor humano,
semelhante ao teu, eu possa levar ao meu irmão a alegria, a paz, o consolo, a esperança, o perdão e a salvação do Teu amor Divino. 
Amém!
 
Autor: Frei Anselmo Fracasso O.F.M.
Oração:http://encontrocomcristo.com.br/oracao-ajuda-me-senhor/
 

2.8.16

O Rosário

O Poder do Rosário
De devoto do demónio a apóstolo do Rosário - I
 
« Ó Rosário bendito de Maria
doce cadeia que nos prende a Deus,
vínculo de amor que nos une aos Anjos,
torre de salvação contra os assaltos do inferno,
porto seguro no naufrágio geral,
não te deixaremos nunca mais.
Serás o nosso conforto na hora da agonia.
Seja para ti o último beijo da vida que se apaga.
E a última palavra dos nossos lábios há-de ser
o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário de Pompeia,
ó nossa Mãe querida,
ó Refúgio dos pecadores,
ó Soberana consoladora dos tristes.
Sede bendita em todo o lado, hoje e sempre,
na terra e no céu ».


Beato Bártolo Longo, apóstolo do Rosário.
              Leia abaixo sua história de conversão:  
 

De devoto do demónio a apóstolo do Rosário - II

Um dos poucos casos em que um simples leigo é fundador de uma comunidade religiosa, ele
legou à Igreja uma obra grandiosa. O Papa João Paulo II o qualificou de "verdadeiro apóstolo
do Rosário".


Numa manhã de outubro de 1872, um homem ainda jovem, profundamente preocupado,
passeia pelos arredores de Pompéia. Nada lhe importam as históricas ruínas da cidade
sepultada pela erupção do Vesúvio no ano de 79. Uma dúvida o atormenta: "Depois de uma
vida péssima, arrependi-me e encetei o caminho da conversão. Mas... conseguirei salvar minha
alma?"

Em determinado momento, uma voz interior lhe fala no fundo da alma: "Se queres salvar-te,
propague a devoção do Rosário. É uma promessa da Virgem Maria".

Num sobressalto de júbilo, ele levanta o rosto e as mãos para o Céu e brada: "Ó Maria, se é
verdade que prometeste a São Domingos que quem difunde o Rosário se salva, eu me salvarei,
porque não sairei desta terra de Pompéia sem ter aqui propagado essa santa devoção".

Nesse instante soa o velho sino da igreja próxima, para o Ângelus de meiodia. O homem
ajoelha-se, reza e chora. Chora de alegria, pois compreende que a Rainha dos Apóstolos
acabava de lhe dar uma grande missão.

No coração de Bártolo Longo estava plantada a semente do futuro Santuário de Nossa Senhora
do Rosário de Pompéia, centro internacional de irradiação dessa devoção mariana, e sede de
várias obras de beneficência e de formação da juventude.

O reitor do Santuário, Pe. Francesco Soprano, o vice-reitor, Pe. Gennaro Gargiulo, e a chefe do
departamento de imprensa, Dra. Loreta Somma, contam para nossa Revista a história do
fundador dessa Instituição.

Vivacidade, inteligência e piedade

Bártolo Longo nasceu em 10 de fevereiro de 1841, em Latiano (Itália), e foi batizado três dias
depois. Sua infância decorreu piedosa e feliz. Desde tenra idade, manifestou-se muito
inteligente, de caráter ardente e decidido. Ele mesmo se definiu como "um menino vivaz,
impertinente e quase travesso". Sabia imitar na perfeição os gestos, os sotaques e outras
características das pessoas que conhecia.
A par disso, dava mostras de verdadeira piedade. Ouvindo tocar o sino anunciando a hora do
Ângelus, interrompia imediatamente qualquer brinquedo e corria para rezá-lo junto de sua
mãe. Quando fez a Primeira Comunhão, ficou imóvel durante uma hora e meia, agradecendo
essa graça inapreciável. Uma pessoa indiscreta quis interrompê-lo e recebeu esta resposta: "A
acção de graças a Jesus, que chega pela primeira vez, deve ser bem feita!"

Deixou de rezar... rolou no extremo do mal

Com todas essas qualidades, concluiu de forma brilhante seus estudos primários e secundários,
recebendo aos 17 anos o diploma que o credenciava ao curso superior.
Todavia, nele se realçava sobretudo o temperamento apaixonado. Bártolo não era homem de
meios-termos. Sua estrutura psíquica o conduziria ou ao extremo do bem, ou ao do mal.

Decidiu estudar direito em Nápoles. Longe de ser propícia à fé católica, a época era de negação
e até mesmo de luta aberta contra a Santa Igreja. O racionalismo e o anti-clericalismo faziam
devastações no meio da juventude. Professores ímpios usavam as cátedras universitárias para
difundir filosofias atéias.

Nessa conjuntura, Bártolo dedicou-se com ardor aos estudos, às diversões, à música (tocava
piano). Inteligente, elegante e de boas maneiras, vivia cercado de muitos amigos.
Não lhe sobrava tempo para a oração... Deus, a Virgem Maria, foram-se apagando até
desaparecer de sua memória. Quando terminou seu curso de Direito, em 1864, estava
inteiramente desorientado pelas teorias filosóficas do materialismo e do racionalismo.

Não parou aí. A perda da fé na divindade de Jesus criou em sua alma um vazio que ele
procurou preencher recorrendo ao espiritismo. Extremista por natureza, tornou-se inimigo
acirrado da Santa Igreja. Pronunciava conferências anticlericais e organizava manifestações
públicas contra a religião.
Tal era seu ódio que decidiu fazer-se "sacerdote" do espiritismo e submeteu- se a um duro
regime de jejuns e mortificações corporais, com o objetivo de fazer uma consagração radical ao
demônio.

Uma Confissão bem feita

Entretanto, por paradoxal que seja, durante todo esse negro período o jovem Bártolo não
cessou de rezar o Rosário e, facto mais extraordinário ainda, conservou a virtude da castidade.

Se falsos amigos o arrastaram à perda da Fé, amigos autênticos foram instrumentos da
Providência para reconduzi- lo à Casa Paterna
.
Um destes, o Prof. Vincenzo Pepe - que Bártolo qualifica como "o amigo de minha alma, que o
Senhor pôs a meu lado em todos os momentos críticos e decisivos de minha vida" - não hesitou
em, numa hora oportuna, admoestar severamente o jovem advogado por sua péssima vida.

Fecundada pela graça, essa advertência surtiu efeito. Bártolo decidiu procurar o confessionário
para se reconciliar com Deus. Dirigiu-se à Igreja do Rosário, em Nápoles, onde foi atendido
pelo Pe. Alberto Radente, religioso dominicano. Era dia da festa do Sagrado Coração de Jesus,
em 1865.
O ex-inimigo da Igreja confessou-se com profundo arrependimento. O Pe. Radente ficou
maravilhado ante o poder da graça nessa alma, mas só lhe deu a absolvição depois de um mês
de encontros para direcção espiritual. Bártolo pôde, então, receber a Sagrada Eucaristia. Em
seus escritos, ele contará depois: "Foi como fazer de novo a Primeira Comunhão, foi como se
eu tivesse recebido um segundo Batismo!"

Inicia-se a grande missão

Bártolo Longo - homem de decisões radicais, como já foi dito - recusou vantajosas propostas de
casamento, abandonou a carreira de advocacia e se dedicou às obras de caridade e ao estudo da
Religião. Tornou-se, com isso, alvo de grosseiras chacotas daqueles mesmos que antes aplaudiam e
estimulavam suas actividades anti-religiosas. Mas elas produziram como único resultado um acto
de reparação: "Devo reparar pelos meus pecados", dizia o convertido.

Algum tempo depois, travou relações com uma nobre dama napolitana, a Beata Catarina
Volpicelli, fundadora das Servas do Sagrado Coração de Jesus. Esta o pôs em contacto com
outras pessoas de grande fervor, entre as quais a Condessa Mariana Fonseca, viúva do Conde
de Fusco, proprietária de terras no Vale de Pompéia.

Por esse meio, a Virgem Maria o foi conduzindo para a realização da grande missão para a qual
o havia escolhido. Em 1872 a Condessa de Fusco confiou- lhe a administração de suas
propriedades nos arredores de Pompéia. Lá chegando, ele ficou profundamente chocado ante a
miséria humana e religiosa dos pobres camponeses da região. Nada havia ali, a não ser uma
pequena igreja, já muito arruinada e tão pobre que não tinha uma imagem sequer.

Sem tardança, dedicou-se à tarefa nobre e humilde de lhes ensinar o Catecismo, e à
divulgação do Santo Rosário.

Era a reconquista espiritual do Vale de Pompéia que se iniciava. Uma obra grandiosa
Cresceu o número dos fiéis, a igrejinha tornou-se insuficiente, tornara-se necessário construir
uma maior e mais acolhedora. Por sugestão do Bispo de Nola, a cuja diocese pertencia Pompéia, Bártolo Longo começou uma campanha de colecta de contribuições. A pedra fundamental foi colocada em maio de 1876.

Choveram as doações, inicialmente de várias cidades italianas, depois, de quase todas as
partes do mundo, deixando espantado até mesmo o Beato Bártolo. Nos arquivos do Santuário,
conservam-se cinco volumes com quatro milhões de nomes de doadores!
Em 1894, ainda faltando alguns arremates de construção, o templo foi consagrado. Com o
aumento constante do número de peregrinos, foi ampliado alguns anos depois.

Quando, em 5 de outubro de 1926, faleceu Bártolo Longo, sua obra tinha já atingido
proporções grandiosas. O Santuário tornara-se um centro internacional de propagação do
Rosário, e fora elevado à categoria de Basílica Pontifícia, para onde os peregrinos acorriam aos
milhões. E em torno dele estava construída uma cidade mariana, com numerosos institutos de
beneficência.

O Beato Bártolo Longo é um dos poucos casos na história da Igreja em que um simples leigo é
o fundador de uma comunidade religiosa. Em 1897 ele fundou as Filhas do Rosário de Pompéia,
sujeitas à regra da Ordem Terceira de São Domingos, para dedicar-se ao cuidado dos meninos
e das jovens. E perto já de terminar sua carreira nesta terra, fundou em 1922 o Instituto
Feminino Sagrado Coração.

Na cripta do Santuário pode ser visto o corpo do Beato, posto numa urna de vidro, revestido da
capa dos Cavaleiros de Malta.



Daqui: http://www.acnsf.org.br/article/10091/Beato-Bartolo-Longo--De-devoto-do-demonio-
a-apostolo-do-Rosario--.html