17.3.16

2. Apelo à Fé

«Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. »
 
 
Cap. III
 
«Meu Deus eu creio» - Apelo à Fé
 
(…)
A palavra de Deus, contida nas páginas sagradas, é uma revelação que não podemos negar, porque – como nos declara Jesus Cristo, no Seu Evangelho –«as palavras que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai que está em Mim, é que faz as obras. Acreditai que estou no Pai, e o Pai em Mim: Crede-me ao menos por causa das mesmas obras» (Jo 14, 10-11).
Vemos que Jesus Cristo chama a nossa atenção para as Suas obras, porque as obras são o verdadeiro testemunho do que cada um é, e confirmam a sua palavra. Por isso, quando S. João Baptista enviou os seus discípulos a Jesus para Lhe perguntar se era Ele o Messias ou se haviam de esperar outro, Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres» Mt 11, 4-5). Como ninguém, a não ser Deus, pode fazer estes milagres, Jesus confirma com eles a Sua palavra e o Seu poder de vida: «Quem ouve a Minha palavra e acredita n’Aquele que Me enviou tem a vida eterna e não incorre em condenação, mas passou da morte para a vida» (Jo 5, 24).
Como vemos, a palavra de Jesus Cristo, é a palavra de Deus, porque Jesus Cristo é Deus, em tudo igual ao Pai, podendo afirmar: «Eu e o Pai somos um» (Jo 10,30). Na verdade, Jesus Cristo é o Filho de Deus que Se fez homem no seio da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra. Por isto mesmo é que o Santo que vai nascer há-de chamar-Se Filho de Deus» (Lc 1,35).
Quando, na anunciação, o Anjo dirigiu a Maria estas palavras, proclamou a divindade do Filho, que havia de tomar carne humana no seu seio materno e nascer, para Se tornar igual a nós, visível aos nossos olhos e assim poder operar o mistério da nossa Redenção.
Jesus Cristo é, pois, Deus e Homem verdadeiro. A Sua palavra é vida eterna para aqueles que a escutam e cumprem; recusá-la é lavrar a própria sentença de condenação, como nos diz o Senhor: «Se alguém ouvir as Minhas palavras e as não guardar, não sou eu que o condeno, porque não vim para condenar o mundo, mas para o salvar.: Quem Me rejeita a não acolhe as Minhas palavras, tem quem o condene. A palavra que anunciei é que há-de condená-lo no último dia. Porque eu, não falei por Mim mesmo; o Pai que me enviou, foi quem determinou o que devo dizer e anunciar. Eu sei que o Seu mandamento é vida eterna. Portanto as coisas que digo, digo-as como o Pai Mas comunicou a Mim» (Jo 12, 47-50). Ele tinha afirmado: «As palavras que Eu vos disse são espírito e vida» (Jo 6,63).
A palavra de Cristo é a palavra do Pai: «O Pai que Me enviou, foi quem determinou o que devo dizer e anunciar». Assim Cristo veio ao mundo, não para destruir a Lei de Deus, mas para completá-la, aperfeiçoá-la e elucidar-nos sobre o seu verdadeiro sentido e sobre o modo como devemos compreendê-la e praticá-la. São palavras d’Ele: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas: Não vim revoga-la, mas completá-la» (Mt 5,17).
Jesus Cristo veio ao mundo como Mestre para ensinar-nos, para guiar os nossos passos pelo caminho da verdade, da justiça, da caridade e da vida. Porque qualquer outro caminho que não seja o que Ele nos traçou é caminho que leva à morte eterna.
(…) A Sua doutrina é precisa e exacta. Mas, para se cumprir a palavra de Jesus, é necessário conhecê-la e acreditar n’Ele; porque como vamos cumprir uma Lei que não conhecemos, ou, se não acreditamos na pessoa que a promulgou? É preciso, pois, aceitar a pessoa de Cristo.
No mundo, infelizmente há muita gente que se preza de sábia, mas das leis de Deus pouco ou nada sabe; e o pior é que muitas vezes a gente contesta-as; não porque as conhece bem, mas porque vê nelas um dique às próprias paixões desordenadas, à falta de justiça e de caridade. E, no entanto, as leis de Deus são aquilo que, a todos nós, mais nos devia interessar conhecer, porque é por elas que seremos salvos ou condenados.
Outros há que até conhecem as leis de Deus, mas dão-lhes uma interpretação errada, oposta ao sentido de Cristo, crendo que com isso justificam os desregramentos da própria conduta; assim eles fazem grande mal a si mesmos e ao próximo, ao qual enganam com os seus exemplos, com a sua mentalidade e as suas palavras erradas. São como aqueles acerca dos quais Jesus Cristo disse: «Deixai-os, são cegos a conduzir outros cegos! Ora se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova» (Mt 15,14).
Precisamos, pois, de ter cuidado com eles; segundo a regra que nos deu Jesus Cristo, podemos conhecê-los pelas próprias obras: «Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto; não se colhem figos dos espinhos, nem uvas dos abrolhos. O homem bom, do bom tesouro do seu coração, tira o que é bom; e o mau, do seu mau tesouro, tira o que é mau; pois da abundância do coração é que fala a boca» (Lc 6,43-45).
Cap. IV e último:
 
Esta é a regra orientadora que nos deixou Jesus: olhar para as obras dos que se apresentam como guias, nos caminhos da vida; ver se estão de acordo com os ensinamentos da Igreja de Deus, fundada por Cristo, a única verdadeira, que possui o dom da infabilidade no reconhecimento e declaração da Verdade de Cristo, pela assistência do Espírito Santo: «Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para estar convosco para sempre, o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê nem conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós» (Jo 14, 16-17).
Esta promessa de Jesus Cristo, feita à Sua Igreja, dá-nos a certeza absoluta nos caminhos da fé, que devemos percorrer e que nos são traçados pela Igreja de Cristo, porque esta é guiada pelo Espírito Santo; é o Espírito Santo quem nos fala pela boca da Igreja.
Em várias ocasiões, me tem sido feita a pergunta: «Mas como havemos nós de saber qual a verdadeira Igreja de Cristo?»
A resposta a esta pergunta ser-vos-ia dada melhor pelos teólogos que estudam do que por mim, pobre e ignorante. Nem mesmo me atreveria a responder, se não fosse o texto sagrado a elucidar-nos.
S. Mateus conta-nos como Jesus Cristo, tendo ido com os Seus Apóstolos para a região de Cesareia de Felipe – durante a travessia do Lago para lá chegarem, o Mestre tinha-os prevenido contra as doutrinas falsas dos fariseus, que não acreditavam n’Ele –, fez-lhes a seguinte pergunta: «E vós, quem dizeis que eu sou?» Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: “ Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo”. Jesus disse-lhe em resposta, “És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue que to revelaram, mas o meu Pai que está nos Céus. Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus, e tudo quanto ligares na terra ficará ligado nos céus, e tudo quanto desligares na terra será desligado nos Céus” (Mt 16, 15-19).
Foi assim que Jesus Cristo constituiu S. Pedro, Chefe e cabeça visível da Sua Igreja na terra, com todos os poderes para a governar, dirigir e instruir, sob a acção e assistência permanente do Espírito Santo, pelo qual o divino Mestre lhe concedeu o dom da «infabilidade». Se assim não fosse, penso que Jesus Cristo não podia comprometer-se a dar por bem feito no Céu, tudo aquilo que os Seus representantes fizessem, em Seu nome, na terra. Todos nós sabemos muito bem como todos os homens, enquanto simples criaturas, estão sujeitos a deficiências e enganos; por isso, aquilo que nos assegura a infalibilidade da Igreja é a assistência do Espírito divino, que Jesus Cristo lhe prometeu: «A palavra que ouvistes não é Minha, mas do Pai que Me enviou. Tenho-vos dito isto, estando convosco. Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito». (Jo 14,24-26). E o Senhor, voltando ao assunto, diz: «Quando vier o Consolador, que vos hei-de enviar da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, Ele (…) guiar-vos-á para a verdade total» (Jo 15,26;16,13).
Temos assim assegurada a infabilidade da Igreja, na palavra de Cristo, que é Verdade: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim» (Jo 14,6). O nosso caminho é a palavra de Cristo, confiada à Sua Igreja, sob a assistência do Espírito Santo.
Mas, as vossas perguntas têm ido mais longe: "Entre as várias igrejas que se dizem cristãs, qual é a primitiva e a verdadeira?"
Como vimos, Jesus Cristo escolheu S. Pedro para o designar Chefe e Cabeça da Sua Igreja na terra. Confiou-lhe o depósito da Sua doutrina para ele o guardar e ensinar juntamente com todos aqueles que a ele permanecerem unidos na mesma fé, na mesma esperança e na mesma caridade.
S. João conta-nos que Jesus Cristo, um dia, já depois de ter ressuscitado, esperou na praia os Apóstolos que andavam a pescar, tendo-lhes servido peixe assado e pão, quando desceram da barca. «Depois da refeição, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?» Ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que Te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta os meus cordeiros” Voltou a dizer-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?» Ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que Te amo”. Jesus disse-lhe «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?» Pedro respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, tu bem sabes que Te amo». Jesus disse-lhe: «apascenta as minhas ovelhas» (Jo 21,15-17).
Jesus Cristo confiou à guarda de S. Pedro todo o rebanho que é a Sua Igreja: os cordeiros e as ovelhas, as ovelhas e os pastores. Portanto a verdadeira Igreja de Cristo é constituída por todos aqueles que permanecerem unidos a Pedro pela mesma fé, pela mesma esperança e pelo mesmo amor, que é a caridade de Cristo. Deus é «Caridade»; e por isso, exige do Seu representante um tríplice protesto de Amor.
Na verdade, a Igreja de Deus,  é a Igreja da caridade, do Amor. Isto mesmo pediu Jesus Cristo ao Pai, pouco antes de Se entregar à morte por nós:
«Pai Santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim como Nós. (…) Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão-de crer em Mim, para que todos sejam um só; como Tu, ó Pai, estás em Mim e eu em Ti, que também estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste e os amaste, como Me amaste a Mim» (Jo 17,11.20-23).
Com estas palavras, Jesus Cristo revela-nos qual deve ser a unidade da sua Igreja: Uma única, uma só. Uma única unidade que não admite partilha: «Dei-lhes a glória que Tu me deste, para que sejam um como Nós somos um» Unidos pela mesma fé, esperança e caridade.»
Antes desta oração a Seu Pai, Jesus demorara-Se longamente a falar com os Seus discípulos, dizendo-lhes a certo momento: «Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como a vara não pode dar fruto por si mesma se não estiver na videira, assim acontecerá convosco, se não estiverdes em Mim. eu sou a videira, vós as varas; quem está em Mim e Eu nele, esse dá muitos frutos; porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em Mim, será lançado fora, como a vara, e secará; lançá-lo-ão ao fogo e arderá». (Jo 15,4-6).
Temos aqui bem definida a sorte dos que, desorientados por falsas ideias, pelas tentações do mundo. Do demónio ou da carne, se deixam arrastar e se separam do verdadeiro Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. Sem os seguir, devemos orar e sacrificarmo-nos por eles, para que regressem ao bom caminho, porque Deus não quer que o pecador se perca, mas que se converta e viva.
 Este é o motivo por que Nossa Senhora tanto nos recomendou a oração e o sacrifício pela conversão dos pecadores. «Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores. Vão muitas almas para o Inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas». (Fátima, 19 de Agosto de 1917).
É assim que a Igreja de Deus é una: uma só, unida pelos laços do perdão, do amor e da fé. É una e católica, universal, como nos ensinou e mandou Jesus: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa nova a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo, mas quem não acreditar será condenado» (Mc 16,15-16).
 

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Salvé Regina!