28.6.16

“Se eu não fosse Católico…”

 
 
Se eu não fosse Católico e estivesse procurando a verdadeira Igreja no mundo de hoje, eu iria
em busca da única Igreja que não se dá muito bem com o mundo. Em outras palavras, eu
procuraria uma Igreja que o mundo odiasse. Minha razão para fazer isso seria que, se Cristo
ainda está presente em qualquer uma das igrejas do mundo de hoje, Ele ainda deve ser odiado
como o era quando estava na terra, vivendo na carne.
 
Se você tiver que encontrar Cristo hoje, então procure uma Igreja que não se dá bem com o
mundo. Procure por uma Igreja que é odiada pelo mundo como Cristo foi odiado pelo mundo.
Procure pela Igreja que é acusada de estar desatualizada com os tempos modernos, como
Nosso Senhor foi acusado de ser ignorante e nunca ter aprendido. Procure pela Igreja que os
homens de hoje zombam e acusam de ser socialmente inferior, assim como zombaram de
Nosso Senhor porque Ele veio de Nazaré. Procure pela Igreja, que é acusada de estar com o
diabo, assim como Nosso Senhor foi acusado de estar possuído por Belzebu, príncipe dos
demônios .
 
Procure a Igreja que em tempos de intolerância (contra a sã doutrina,) os homens dizem que
deve ser destruída em nome de Deus, do mesmo modo que os que crucificaram Cristo julgavam
estar prestando serviço a Deus.
 
Procure a Igreja que o mundo rejeita porque ela se proclama infalível, pois foi pela mesma
razão que Pilatos rejeitou Cristo: por Ele ter se proclamado a si mesmo A VERDADE. Procure a
Igreja que é rejeitada pelo mundo assim como Nosso Senhor foi rejeitado pelos homens.
Procure a Igreja que em meio às confusões de opiniões conflituantes, seus membros a amam do
mesmo modo como amam a Cristo e respeitem a sua voz como a voz do seu Fundador.
 
E então você começará a suspeitar que se essa Igreja é impopular com o espírito do mundo é
porque ela não pertence a esse mundo e uma vez que pertence a outro mundo, ela será
infinitamente amada e infinitamente odiada como foi o próprio Cristo. Pois só aquilo que é de
origem divina pode ser infinitamente odiado e infinitamente amado. Portanto, essa Igreja é
divina .”
 
 
 
Arcebispo Fulton J. Sheen, Radio Replies, Vol. 1, p IX, Rumble & Carty, Tan Publishing –
Tradução: Gercione Lima

Adoro Te devote

Adoro Te devote

 
Adoro Te devote,

Eu Te adoro com afecto, Deus oculto,
que Te escondes nestas aparências.
A Ti sujeita-se o meu coração por inteiro
e desfalece ao Te contemplar.
 
 À vista, o tacto e o gosto não Te alcançam,
 mas só com o ouvir-Te firmemente creio.
 Creio em tudo o que disse o Filho de Deus,
 nada mais verdadeiro do que esta Palavra da Verdade.
 
 Na cruz estava oculta somente a tua divindade,
 mas aqui se esconde também a humanidade.
 Eu, porém, crendo e confessando ambas,
 peço-Te o que pediu o ladrão arrependido.
 
 Tal como Tomé, também eu não vejo as tuas chagas,
 mas confesso, Senhor, que és o meu Deus;
 faz-me crer sempre mais em Ti,
 esperar em Ti, amar-Te.
 
 Ó memorial da morte do Senhor,
 Pão Vivo que dás vida ao homem,
 faz que meu pensamento sempre de Ti viva,
 e que sempre lhe seja doce este saber.
 
 Senhor Jesus, terno pelicano,
 lava-me a mim, imundo, com teu sangue,
 do qual uma só gota já pode
 salvar o mundo de todos os pecados.
 
 Jesus, a quem agora vejo sob véus,
 peço-Te que se cumpra o que mais anseio:
 que vendo o teu rosto descoberto,
 seja eu feliz contemplando a tua glória.
 
 
 
Adóro te devóte,
 
 
Quae sub his figúris vere látitas:
Tibi se cor meum totum súbiicit,
Quia te contémplans totum déficit.
 
Visus, tactus, gustus in te fállitur,
Sed audítu solo tuto créditur.
Credo, quidquid dixit Dei Fílius:
Nil hoc verbo Veritátis vérius.
 
In cruce latébat sola Déitas,
At hic latet simul et humánitas;
Ambo tamen credens atque cónfitens,
Peto quod petívit latro paénitens.
 
Plagas, sicut Thomas, non intúeor;
Deum tamen meum te confíteor.
Fac me tibi semper magis crédere,
In te spem habére, te dilígere.
 
O memoriále mortis Dómini!
Panis vivus, vitam práestans hómini!
Praesta meae menti de te vívere.
Et te illi semper dulce sápere.
 
Pie pellicáne, Iesu Dómine,
Me immúndum munda tuo sánguine.
Cuius una stilla salvum fácere
Totum mundum quit ab omni scélere.
 
Iesu, quem velátum nunc aspício,
Oro fiat illud quod tam sítio;
Ut te reveláta cernens fácie,
Visu sim beátus tuae glóriae.
 
Ámen.
 
 

[S. Tomás de Aquino, Oração]
Fonte:  catolicosribeiraopreto.com
 

25.6.16

S. João Maria Vianney

 
 “Quando se quer destruir a Religião, começa-se por
destruir o Sacerdote.”
 
 
 
 
 
 
 
[S. João Maria Vianney, Santos]

Dez Preceitos da Serenidade

1- Só por hoje tratarei de viver exclusivamente este dia, sem querer resolver o problema de
minha vida, todo de uma vez.
 
 2- Só por hoje terei o máximo cuidado com o meu modo de tratar os outros: delicado nas
minhas maneiras, não criticarei ninguém, não pretenderei melhorar nem disciplinar ninguém a
não ser a mim.
 
 3- Só por hoje sentir-me-ei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz, não só no
outro mundo, mas também neste.
 
 4- Só por hoje adaptar-me-ei às circunstâncias sem pretender que as circunstâncias se
adaptem a todos os meus desejos.
 
 5- Só por hoje dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, lembrando-me de que
assim como é preciso comer para sustentar o meu corpo, assim também a leitura é necessária
para alimentar a vida de minha alma.
 
 6- Só por hoje praticarei uma boa ação sem contá-la a ninguém.
 
 7- Só por hoje farei uma coisa de que não gosto, e se for ofendido em meus sentimentos,
procurarei que ninguém o saiba.
 
 8- Só por hoje far-me-ei um programa bem completo do meu dia. Talvez não o execute
perfeitamente, mas em todo caso vou fazê-lo. E guardar-me-ei bem de duas calamidades: a
pressa e a indecisão.
 
 9- Só por hoje ficarei bem firme na fé de que a Divina Providência se ocupa de mim mesmo
como se existisse somente eu no mundo, ainda que as circunstâncias manifestem o contrário.
 
 10- Só por hoje não terei medo de nada. Em particular, não terei medo de gostar do que é
belo e não terei medo de crer na bondade.
 
 
 
[Papa João XXIII]
 
 
 

22.6.16

Por que você não ajoelha após receber a Comunhão

 
Quando você entra ou quando deixa o seu banco, ajoelha (dobra o joelho direito de maneira a
tocar o chão) em forma de adoração ao Filho de Deus que está presente no tabernáculo.
 
Mesmo se o tabernáculo estiver em outro lugar ou câmara, eu ajoelho em frente ao crucifixo,
no, ou sobre o altar que desde o Concílio de Nicéia II da AD 787 (7º Concílio Ecumênico )
ensina que a devoção que demonstramos às sagradas imagens passa para além das mesmas para
seus protótipos (neste caso, do crucifixo para o próprio Cristo). É perfeitamente correcto
ajoelhar diante de uma cruz, crucifixo, ou imagem de Cristo.
 
Existe alguma confusão sobre se ajoelhar aquando de volta ao seu banco. Geralmente o
habitual é não ajoelhar após receber a Sagrada Comunhão por propósitos devocionais. Em não
se ajoelhando, você está a confessar ter-se tornado em um tabernáculo preenchido. A Santa
Eucaristia está em si. Não é apropriado ajoelharmos em alguma direção porque a Sagrada 
Eucaristia está literalmente no mais profundo do seu ser. A orientação da adoração é agora
interior.
 
Há histórias de crianças que se ajoelham perante suas mães quando voltam do altar depois de
terem recebido a comunhão - o que é maravilhoso e correcto.
 
Não existe um ensinamento oficial, norma, ou regra (que eu saiba) sobre não ajoelhar na nave
depois de se receber a Sagrada Comunhão, mas habitual é não o fazer - porque Jesus, o
Senhor está agora dentro de si. Você é um tabernáculo andante.
 
Questão: O que você faz após a Comunhão? Ajoelha? Por favor partilhe seus pensamentos ou
práticas que usa depois de comungar. Pode deixar um comentário clicando aqui.
 
 
PS: Uma dupla genuflexão (ambos os joelhos) é recomendável quando o Santíssimo Sacramento
está exposto para adoração.
 
PPS: É uma prática tradicional ajoelhar com joelho esquerdo perante um Bispo ou dignatário.
 
PPPS: Caso tenha um joelho afectado, faça o que puder. É o coração que importa.
 
 
 
Tradução: RP

21.6.16

Um alegre passeio espiritual

 
 Passeando pela Espiritualidade do Papa João Paulo II num "mix" de perguntas que lhe são
feitas sobre vários temas e de suas respostas - como estas:
 
Como reza o Papa?
 
- Respondo-vos: como qualquer cristão, fala e escuta. Às vezes, reza sem palavras e é nessa
altura que mais escuta. O mais importante é precisamente aquilo que ele ouve. Também
procura unir a oração às suas obrigações, às suas actividades, ao seu trabalho e unir o seu
trabalho à oração.
(...) Orar significa também calar e escutar o que Deus nos quer dizer.
 
A oração deve abraçar tudo o que faz parte da nossa vida. Não pode ser algo suplementar ou
secundário. Tudo deve encontrar nela a sua própria voz. Também tudo aquilo que nos oprime,
aquilo de que nos envergonhamos e o que pela sua natureza nos afasta de Deus.
Sobretudo isto. A Oração é sempre o que, em primeiro lugar, e essencialmente, derruba a
barreira que o pecado e o mal podem ter erguido entre nós e Deus.
 
A Oração é o reconhecimento das nossas limitações e da nossa dependência: vimos de Deus,
somos de Deus e para Deus voltamos.
Portanto, não podemos senão abandonar-nos nEle, nosso Criador e Senhor, com plena e total
confiança.
O homem não pode viver sem rezar, tal como não pode viver sem respirar. 
A Oração é também uma arma para os fracos e para quantos sofrem alguma injustiça. É arma 
da luta espiritual que a Igreja trava no mundo, pois não dispõe de outras armas.
 

Sofrimento
 
No Evangelho é possível encontrar a resposta satisfatória para todas as questões que
amarguram o homem.
Um sofrimento suportado com paciência converte-se, de certo modo, em oração e em fonte
fecunda de Graça. Por isso, quero pedir a todos vós: convertei as vossas casas, os vossos lares
em capelas, contemplai a imagem de Cristo na Cruz e pedi por nós, oferecei sacrifícios por nós.
 
Não sofrestes, não sofreis em vão! A dor amadurece o vosso espírito, purifica o vosso coração;
dá-vos um sentido real do mundo e da vida, enriquece-vos de bondade, de paciência e -
ouvindo ressoar no vosso espírito, a promessa do Senhor: "Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados" - tereis a sensação de uma paz profunda, de uma alegria perfeita, de
uma esperança gozosa.
 
Aceitai o vosso sofrimento como se fosse o seu Abraço e transformai-o em Benção.
Aceitai-o juntamente com Ele, das mãos do Pai, que precisamente desse modo opera a vossa
perfeição, com uma sabedoria e um amor insondáveis, sim, mas também indubitáveis.
 
 
Família
 
A todos vós, casais cristãos - casais e pais - faço o seguinte convite: Caminhai com Cristo!
É Ele Quem vos leva à descoberta da dignidade do compromisso que haveis contraído, É Ele
Quem confere um valor imenso ao vosso amor conjugal. É Ele, Jesus Cristo, Quem pode
realizar em vós muito mais do que podeis pedir ou imaginar.
 

Paz
 
A verdadeira reconciliação entre homens que são adversários e inimigos entre si, só é possível,
se se deixarem, simultaneamente, reconciliar com Deus.
 

O Segredo da Felicidade
 
Caminhai ao encontro de Cristo. Só Ele é a Solução para todos os vossos problemas.
 

A Cruz
 
A cruz significa dar a vida pelo irmão, para poder salvá-la juntamente com a sua.
A cruz significa que o amor é mais forte que o ódio e a vingança, que é melhor dar que receber
e que a entrega é mais eficaz que a exigência.
A cruz significa que não há fracasso sem esperança, sombras sem luz, tormenta sem porto de
salvação.
A cruz significa que o amor não tem fronteiras: sai ao encontro do teu próximo e não esqueças
quem está afastado!
A cruz significa que Deus é sempre maior que nós, os homens. Maior do que o nosso próprio
fracasso. E que a vida é mais forte do que a morte.

 
Virgem Maria
 
Dirigi-vos com frequência a Maria nas vossas orações porque "jamais se ouviu dizer que algum
daqueles que tenha recorrido à sua protecção, implorado a sua assistência e recorrido à sua
intercessão, fosse por Ela desamparado".
 
 
[Espiritualidade, S. João Paulo II, Sofrimento, Cruz, Família, Paz, Oração]
 
 

17.6.16

Descobrir no Silêncio a Palavra

Santo Inácio de Antioquia
 
"Quem possui a palavra de Jesus, este em verdade, pode ouvir o seu silêncio, a fim de ser perfeito".
 
Esta encantadora afirmação de Santo Inácio de Antioquia, Bispo e Mártir do século I, é cheia de profundo significado.
 
Estamos acostumados a buscar o Senhor na sua Palavra. Obviamente, Palavra do Senhor são as Escrituras Santas. Mas, palavras do Senhor para nós, de certo modo, é tudo quanto nos vai acontecendo e nos fazendo divisar a presença de Deus, que conduz a nossa vida. Isso é um grande passo: aprender a escutar o Senhor nas suas palavras...
 
Mas, há ainda um passo maior, mais perfeito: é quando não compreendemos, quando tudo parece sem sentido, noite fechada, quando tudo parece silêncio de Deus para nós... Quando, angustiados e quase sufocados, exclamamos: "Onde está Deus? Cristo meu, por que te escondes?" O silêncio de um fracasso, de uma doença absurda, de uma humilhação, de uma falta, de uma chaga moral... Também aí, é necessário aprender a escutar Aquele que nos fala na Palavra e nos fala no Silêncio: "Quem possui a palavra de Jesus, este em verdade, pode ouvir o seu silêncio, a fim de ser perfeito" - este o sentido da frase de Santo Inácio.
 
Quando escreveu tal pérola preciosa, ele mesmo estava sendo levado para Roma por dez soldados, para ser jogado às feras. Ele, santo Bispo e Mártir de Cristo, foi perfeito, pois soube escutar o Senhor na Palavra e no tremendo Silêncio... Aliás, para isso escutamos tanto a Palavra do Senhor: para na hora do seu Silêncio aprendermos a ouvi-lo também aí...
 
Concede-nos, Cristo-Deus, esta graça! A ti a glória!
 
 
[Meditar, Santo Inácio de Antioquia, Dom Henrique]
 

A oração, vital como a água – III

Vamos ao último artigo destes três sobre a oração. A questão, agora, é: como rezar?

Vou, primeiramente, apresentar uma classificação bem simples dos tipos de oração. Os dois grandes modos de oração são oração vocal e oração mental. A oração vocal é qualquer oração que rezamos decorada. Por exemplo: mesmo quando rezamos somente com a mente o Pai-nosso ou a Ave-Maria, estamos fazendo oração vocal; quando rezamos um salmo também estamos fazendo oração vocal. É o caso ainda das jaculatórias, aquelas orações curtinhas que nos fazem permanecer durante o dia todo na presença de Deus. Quanto à oração mental, é a oração espontânea, aquela que brota do nosso afecto e da nossa imaginação com total criatividade.

A vantagem da oração mental é que empenha mais a nossa atenção e o nosso afecto, além de nos fazer rezar nossas preocupações e situações existenciais.

Quanto à oração vocal, tem a grande vantagem de nos manter na presença de Deus seja em que situação emocional estejamos. Tristes ou alegres, atentos ou desatentos, devotos ou áridos, a oração vocal tira-nos de nós mesmos e faz-nos estar na presença de Deus. Isso é muito importante, porque ensina-nos que o centro da nossa oração não somos nós com nossos sentimentos e preocupações, mas unicamente o Senhor, que deve ser amado e buscado acima de tudo. Além do mais, a oração vocal livra-nos do subjetivismo e da necessidade de estar sempre inventando palavras e assuntos para rezar.

Neste sentido, a melhor oração vocal são os textos da Sagrada Escritura. Isso mesmo: rezar com a Bíblia, rezar repetindo a Palavra de Deus, sobretudo os salmos. Quem reza a Liturgia das Horas pode experimentar de modo privilegiado esta realidade. Basta recordar que quando os judeus dizem: "Eu medito nas tuas palavras", estão querendo dizer: "Eu repito com os lábios, decoradamente, as tua palavras". Para a Bíblia, meditar é repetir a Palavra de Deus, ruminando-a com os lábios, o coração, a mente e o afecto.

Quanto aos movimentos interiores, a oração pode ser de acção de graças, de súplica, de intercessão, de louvor, de pedido de perdão. Em todas elas, o importante é que nos abrimos para o Senhor, reconhecendo nossa incapacidade de gerenciar nossa vida sozinhos, como se nossa existência fosse nossa de modo absoluto. Quem reza mantém-se na presença de Deus; quem reza vai aprendendo a deixar que Deus seja Deus na sua vida.

Finalmente, de modo concreto, como rezar? Reze diariamente; reze o dia todo! Como? Diariamente. Tenha, durante seu dia, um momento de cerca de 20 minutos, meia hora, para a oração. Comece acalmando seu corpo e seus pensamentos. Peça ao Santo Espírito que sustente sua oração. Pegue a Palavra de Deus. Pode ser o evangelho do dia, um salmo, ou outro texto que você escolher. Leia-o com calma, devotamente, com tranquilidade. Enquanto lê, se uma palavra tocou você, pare ali, repita aquela palavra, saboreie-a. Acontecerá frequentemente que virão afectos, sentimentos, palavras nos seus lábios. Deixe que venham! Você está rezando!

Deus lhe falou e você está respondendo! Quando forem passando as palavras, continue a leitura do texto sagrado até terminar. Se quiser, faça mais um pouco de oração e termine sempre com um Pai-nosso e uma Ave-Maria. É importante que deixemos sempre que a Escritura questione a nossa vida, comprometendo-nos com um processo de constante conversão ao Senhor e aos irmãos. Caso você tenha lido e não tenha sentido nada, nada o tenha empolgado, não há problema; não se preocupe. Terminada a leitura do texto sagrado, simplesmente peça ao Senhor, com poucas palavras, que a sua Palavra dê fruto no seu coração e no chão da sua vida.

Se você passar por momentos tão áridos e dispersos que não conseguir rezar de modo algum, pegue sua Bíblia, tome um salmo e vá copiando-o num caderno. Você está rezando: com as mãos, com os olhos, com a atenção e com o desejo sincero de agradar a Deus. Nunca esqueça que o valor da oração não está nos sentimentos, mas no desejo sincero de agradar a Deus e ser-lhe fiel.

Além desse momento privilegiado, é importante passar o dia na presença de Deus. Como fazer?

Existem várias possibilidades. Um excelente modo é a reza do terço. Pode rezá-lo aos poucos, durante todo o dia, num momento um mistério, num outro momento, outro mistério. Assim você vai atravessando o seu dia na cadência dessa oração tão cara aos cristãos, com Maria, a Mãe de Jesus. Não se preocupe muito em dizer com atenção cada Avé-Maria. O importante é dizê-las de modo cadenciado, para que permaneça aquele clima de paz, que o irá colocando na presença de Deus. Não é a palavra em si o que mais interessa, mas o estar na presença de Deus. Além do terço, pode-se usar também as jaculatórias (que hoje chamam de mantra), isto é, frases curtas decoradas, que tantas vezes podemos repetir durante o dia. Por exemplo: "Meu Jesus, misericórdia!" ou "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim" ou "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós!" São orações vocais, simples, mas que têm um efeito enorme: mantém-nos na presença de Deus.

Finalmente, a oração mais importante e indispensável para o cristão: a oração litúrgica por excelência, isto é, a Missa. Ali, o próprio Cristo nos une à sua oração de modo eminente. É a Igreja reunida em santa assembleia que é convocada para ouvir a Palavra e dizer "Amém" e, depois, celebrar o Sacrifício eucarístico da Ceia do Senhor. Aqui, a nossa vida de oração chega ao máximo. Já não somos nós quem rezamos, mas o próprio Cristo, que na força do Espírito, nos eleva ao Pai.

Eis aqui, um simples e prático guia de oração.
 
 
[Oração, Dom Henrique]
 
 
 

16.6.16

Aprender a perdoar - 9 passos

2º Passo
 
Para compreender e desculpar
 
 
Reflexão: Palavras de São Josemaria Escrivá
 
Não admitas um mau pensamento acerca de ninguém, mesmo que as palavras ou obras do
interessado dêem motivo para assim julgares razoavelmente (Caminho, n. 442).
Mais do que em “dar”, a caridade está em “compreender”. – Por isso, procura uma desculpa
para o próximo – sempre as há -, se tens o dever de julgar (Caminho, n. 463).
Coloca-te sempre nas circunstâncias do próximo: assim verás os problemas ou as questões
serenamente, não te aborrecerás, compreenderás, desculparás, corrigirás quando e como for
necessário, e encherás o mundo de caridade (Forja, n. 958).
 
Pedido
 
Jesus, Tu vês quanto me custa compreender os outros, vê-los com bons olhos e desculpar as
suas falhas, grandes ou pequenas, quando me atingem e me ferem.
 
Quero pedir-te a graça de cumprir o que Tu nos mandaste: «Não julgueis, e não sereis
julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados» (Lc 6,37).
 
Tu sabes, Senhor, que com frequência focalizo, antes de tudo, o lado negativo das pessoas,
aquilo que me incomoda, o que acho absurdo e insuportável, o que me magoa. E, assim,
adquiro o vício de pensar mal e de falar mal dos outros.
Senhor, tem misericórdia de mim, que sou tão pouco misericordioso. Ainda que não o mereça,
rogo-te que me concedas, por intercessão de São Josemaria, um coração capaz de
compreender, de desculpar e de perdoar.
 
Rezar (em cada passo) a oração a São Josemaria:
 
Ó Deus, que por mediação da Santíssima Virgem Maria, concedestes inumeráveis graças a São Josemaria, sacerdote, escolhendo-o como instrumento fidelíssimo para fundar o Opus Dei, caminho de santificação no trabalho profissional e no cumprimento dos deveres cotidianos do cristão, fazei que eu saiba também converter todos os momentos e circunstâncias da minha vida em ocasião de Vos amar, e de servir com alegria e com simplicidade a Igreja, o Romano Pontífice e as almas, iluminando os caminhos da terra com o resplendor da fé e do amor. Concedei-me  por intercessão de São Josemaria o favor que vos peço. Assim seja.
 
Todas as reflexões que se seguem são de São Josemaria
 
Pai Nosso, Ave-Maria, Glória.
 
3º Passo
 
Para vencer o orgulho
 
Reflexão:
 
Se és tão miserável, como estranhas que os outros tenham misérias? (Caminho, n. 446).
De acordo: essa pessoa tem sido má contigo. – Mas não tens sido tu pior com Deus? (Caminho,
n. 686).
Esforça-te, se é preciso, por perdoar sempre aos que te ofendem, desde o primeiro instante, já
que, por maior que seja o prejuízo ou a ofensa que te façam, mais te tem perdoado Deus a ti
(Caminho, n. 452).
Vamos banir o orgulho, ser compassivos, ter caridade; vamos prestar-nos mutuamente o
auxílio da oração e da amizade sincera (Forja, n. 454).
 
Pedido
           
Senhor, é verdade que eu rezo, peço-te perdão…, mas continuo não perdoando os que me
ofendem. Perdoa-me por ter desprezado as palavras de teu Filho Jesus, que tantas vezes repito
ao rezar o Pai-nosso: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos
têm ofendido» (Mt 6,12).
Compreendo que, se fosse sincero, no fundo dessa dureza descobriria o meu orgulho.
Reconheço que sou suscetível, que fico facilmente magoado, que interpreto mal o que os
outros dizem ou fazem, e que a menor insinuação me deixa transtornado… E Tu, Jesus, o que
fazias quando te maltratavam? Que fazes comigo quando eu te maltrato com os meus pecados?
Bem sei que, todas as vezes que vou confessar-me, tu me dizes: «Eu te absolvo».
Senhor, não quero ser hipócrita! Por intercessão de São Josemaria, concede-me a graça de ser
humilde, condição imprescindível para poder perdoar.
Rezar a oração a São Josemaria
 
 4º Passo
 
Para vencer a ira
 
 Reflexão:
 
 Isso mesmo que disseste, dize-o em outro tom, sem ira, e ganhará força o teu raciocínio, e
sobretudo não ofenderás Deus (Caminho, n. 9).
Não repreendas quando sentes a indignação pela falta cometida. – Espera pelo dia seguinte, ou
mais tempo ainda. – E depois, tranquilo e com a intenção purificada, não deixes de
repreender.- Conseguirás mais com uma palavra afectuosa do que com três horas de briga. –
Modera o teu gênio (Caminho, n. 10).
 
Cala-te sempre que sintas dentro de ti o referver da indignação. – Ainda que estejas
justissimamente irado.  – Porque, apesar da tua discrição, nesses instantes sempre dizes mais
do que quererias dizer (Caminho, n. 656).
 
Pedido
 
Penso, Jesus, em ti e nas tuas palavras: «Aprendei de mim que sou manso e humilde de
coração» (Mt 11,29). E depois penso em mim: nas minhas irritações, nas minhas reações
violentas, na minha brusquidão, na ira que ferve por dentro, achando que é lógico tratar
duramente os outros porque “eu tenho razão”. E, mesmo assim, julgo-me cristão!
 
Cristão mesmo era São Paulo, que pedia: «Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia
sejam desterradas do meio de vós» (Ef 4,31). Cristão era São Josemaria, que respondia às
calúnias com a atitude constante de «calar, trabalhar, perdoar, sorrir». Só saía em defesa da
justiça quando a injúria feria coisas de Deus ou terceiras pessoas inocentes.
Coração manso e humilde de Jesus, por intercessão de São Josemaria, faz o meu coração
semelhante ao teu.
 
 
 Rezar a oração a São Josemaria
 
 5º Passo
 
Para vencer o ressentimento
 
 Reflexão:
 
Que alma tão estreita a dos que guardam zelosamente a sua “lista de agravos”!… Com esses
infelizes, é impossível conviver (Sulco, n.738).
 Perdoar. Perdoar com toda a alma e sem resquício de rancor! Atitude sempre grande e
fecunda.  – Esse foi o gesto de Cristo ao ser pregado na Cruz: “Pai, perdoa-os, porque não
sabem o que fazem”. E daí veio a tua salvação e a minha (Sulco, n. 805).
Deus não se escandaliza dos homens. Deus não se cansa com as nossas infidelidades (É Cristo
que passa, n. 64).
 Nunca maltratei ninguém que me tenha virado as costas, nem mesmo quando, aos meus
desejos de ajudar, me pagava com um desaforo (Amigos de Deus, n. 59).
 
Pedido
 
Meu Deus, eu sei que o ressentimento é uma ferida que o amor-próprio orgulhoso abre e
remexe no coração, que é uma gangrena que o ódio cultiva dentro da alma.
Eu o temo, meu Deus, porque já o descobri dentro de mim, agarrado como um câncer.
 
Alguém dizia que o ressentimento é o forno do diabo. Tinha razão. Eu mesmo sinto que o
rancor é um fogo maldito que queima o amor, a compreensão e a paz que deveriam marcar
sempre o relacionamento entre os filhos de Deus.
Livra-me dele, Jesus! Ajuda-me a tirar esse mal por meio da confissão frequente. Concede-me,
por intercessão de São Josemaria, forças do Céu para perdoar, para esquecer. Que eu não
guarde nenhum rancor. Pelo contrário, que guarde as minhas mágoas dentro do teu Coração e
ali aprenda a dizer: «Pai, perdoa-os!» (Lc 23,34)
 
Rezar a oração a São Josemaria
 
 
 6º Passo
 
Para vencer as discórdias familiares
 
Reflexão:
 
O convívio é possível quando todos se empenham em corrigir as deficiências próprias e
procuram passar por alto as faltas dos outros (Questões atuais do Cristianismo, n. 108).
 
A paciência nos leva a ser compreensivos com os outros, persuadidos de que as almas, como o
bom vinho, melhoram com o tempo (Amigos de Deus, n. 78).
 
O amor deve ser sacrificado, diário, feito de mil detalhes de compreensão, de sacrifício
silencioso, de dedicação que não se percebe (É Cristo que passa, n. 36).
 
De calar não te arrependerás nunca; de falar, muitas vezes (Caminho, n. 639).
 
Pedido
 
Meu Deus, Tu sabes que me custa muito desculpar na vida familiar as faltas de consideração
para comigo: faltas de atenção, de respeito, de paciência e de delicadeza; e sabes que me
custa ainda mais admitir que também eu caio nessas mesmas falhas.
Peço-te ajuda para que, com a tua graça e pela intercessão de São Josemaria, seja capaz de
vencer a falsa autoestima e de viver como nos pede São Paulo: «com toda a humildade e
mansidão, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade» (Ef 4,2).
 
Livra-me, Senhor, da obsessão teimosa de achar que só eu estou certo; da grosseria, da
impaciência perante pequenas faltas, das discussões por coisas sem transcendência… Peço-te a
caridade de saber calar, sorrir, fazer boa cara, e pedir desculpas pelos meus excessos ao
corrigir. E, se acaso houver necessidade, peço-te o espírito heróico de perdão com que
acolheste Judas no Horto, na hora da traição.
 
 
Rezar a oração a São Josemaria
 
 7º Passo
 
Para dar o primeiro passo
 
Reflexão:
 
 Nosso Pai do Céu perdoa qualquer ofensa quando o filho volta de novo para Ele. Nosso Senhor
é de tal modo Pai, que prevê os nossos desejos de sermos perdoados e a eles se antecipa,
abrindo-nos os braços com a sua graça (É Cristo que passa, n. 64).
 
O Senhor tomou a iniciativa, vindo ao nosso encontro. Deu-nos esse exemplo (Amigos de
Deus, n. 228).
No Sacramento da Penitência tu e eu nos revestimos de Jesus Cristo e dos seus merecimentos
(Caminho, n. 310).
 
Pedido
 
Deus, Pai de misericórdia, abro o Evangelho e vejo que Jesus me pede dar sempre o primeiro
passo da reconciliação, ser eu o primeiro a tomar a iniciativa de pedir e oferecer perdão:
«Deixa a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão» (Mt 5,24).
 
É justo que me peças isso porque assim Tu o fizeste. De facto, São Paulo diz que «quando
éramos pecadores, Cristo morreu por nós» (Rm 5,8).
 
Meu Deus, como me custa dar esse passo quando estou convencido de que a razão está comigo
e o ofendido sou eu! Parece-me algo sobrehumano. Só com a tua força, Senhor!
São Josemaria, intercede por mim para que me decida a procurar o auxílio de Deus fazendo
uma Confissão sincera, pois é nesse Sacramento que posso achar a graça de que preciso.
 
 Rezar a oração a São Josemaria
 
 
 8º Passo
 
Para devolver bem por mal
 
Reflexão:
 
À nossa reincidência no mal, responde Jesus com a sua insistência em redimir-nos, com
abundância de perdão (Via Sacra 7ª est.).
 
Valem tanto os homens, a sua vida e a sua felicidade, que o próprio Filho de Deus se entrega
para os redimir, para os purificar, para os elevar (É Cristo que passa, n.165).
 
Tarefa do cristão: afogar o mal em abundância de bem (Sulco, n. 864).
 
Acostuma-te a apedrejar esses pobres “odiadores”, respondendo às suas pedradas com Ave-
Marias (Forja, n. 650).
 
Pedido
 
Bom Jesus, eu reconheço que, quando me sinto ofendido, começa a ferver dentro de mim  o
desejo de revidar. Exactamente o que Tu não fizeste!
 
Como é difícil conter a fantasia das vinganças pequenas ou grandes que a minha imaginação
arquitecta. E, no entanto, sei que deveria pensar em perdoar!
 
Faz, Senhor, que quando me sinta assim, venham à minha memória as tuas palavras: «Fazei
bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem» (Mt 5,44), e as de São
Paulo: «Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem» (Rm 12,21).
 
Eu te suplico, Senhor, que a meditação das palavras de São Josemaria para o dia de hoje
desperte em mim, por sua intercessão, resoluções de rezar sempre pelos que me causam um
mal e de lhes desejar o bem, de «afogar o mal em abundância de bem».
 
Rezar a oração a São Josemaria
 
 9º  e último Passo
 
Para pedir a ajuda de Nossa Senhora
 
Reflexão:
 
O coração dulcíssimo de Maria deve ter sofrido muito ao presenciar a crueldade colectiva, o 
encarniçamento que foi, da parte dos verdugos, a Paixão e Morte de Jesus. Mas Maria não fala.
 
Como seu Filho, ama, cala e perdoa. Essa é a força do amor (Amigos de Deus, n. 237).
 
Quando somos verdadeiramente filhos de Maria, nosso coração se dilata e revestimo-nos de
entranhas de misericórdia (É Cristo que passa, n.146).
 
Acostuma-te a colocar o teu pobre coração no Doce e Imaculado Coração de Maria, para que o
purifique de tanta escória, e te leve ao Coração Sacratíssimo e Misericordioso de Jesus (Sulco,
n. 830).
 
Pedido
 
Mãe de misericórdia, Consoladora dos aflitos, Refúgio dos pecadores, tu que estiveste unida ao
Sacrifício de Jesus, quando derramava o sangue na Cruz para lavar-nos dos nossos pecados,
tem compaixão de nós, pobres pecadores, que não conseguimos perdoar.
Faz com que, quando sintamos que nos queima o rancor, a raiva ou o desejo de desforra, nos
lembremos de ti; faz com que não esqueçamos que temos uma Mãe que nos ama e que quer
aquecer a dureza do nosso coração com o calor do seu Coração Imaculado.
Acolhe-nos, Mãe, no teu regaço como crianças pequenas, acalma com o teu sorriso a nossa
cólera, alcança-nos de teu Filho o dom de desculpar, de esquecer e de não remoer amarguras;
e também o de amar e querer bem os que não nos querem bem. Leva-nos, Mãe – como pede
São Josemaria – bem dentro do Coração Sacratíssimo e Misericordioso de Jesus.
 
Rezar a oração a São Josemaria
 
Ámen.
 
 
[9 Passos para aprender a perdoar, Perdão, São Josemaria Escrivá, Novenas, Francisco Faus]
 
texto inicial com adaptação de RP

15.6.16

Aprender a perdoar

 
 
Ahh... parece-nos tão difícil... sim, porque há casos e casos, mas não vamos desistir nunca da misericórdia que queremos para nós mas também tão necessária a usar para com os outros porque isso é fundamental no nosso caminho para Jesus. Suas palavras, penúltimas, de toda a Sua Via Sacra, na qual Se deu por "vencido", para a nossa salvação, foram precisamente para quem  tanto O ofendeu e O crucificou. Ele deu-Se, todo a nós - pecadores e Sua oração, a Deus Pai, foi:
 
" Pai, perdoa-lhe porque não sabem o que fazem..."  (Lc 23,34).
 
Então, quem não perdoa também não sabe o bem que fará a si mesmo perdoando quem o
ofende; se não se entregar agora a Jesus com a mesma  bondade do Senhor que a todos veio
salvar.
 
Não julgar. São muitas as pessoas que vivem julgando as ações dos outros. Algumas dizem: “Ele roubou e matou, merece ir é pro inferno”. Todos nós somos pecadores, portanto, não cabe a nós definir o que de ruim alguém merece. Julgar é condenar. Pelo critério que você utilizar para julgar, através dele será julgado (Mt 7,1-2). “Quem fala mal do irmão ou o julga, fala mal da lei e a julga. E se julgas a lei, não é observador da lei, mas juiz. E um só é juiz, que pode salvar e perder: Jesus Cristo” (Tg 4,11-12). Jesus não proíbe a avaliação objectiva dos factos, mas a leviandade com que se condenam as ações do próximo sem conhecer suas intenções. Este julgamento somente a Deus compete. Devemos amar e pedir a Deus que perdoe as faltas dos nossos irmãos, ao invés de condená-los. E vamos por etapas e assim, ao
 
1º Passo: Para ter paz no coração
 
Rezemos como que numa novena porque se seguirão mais oito passos que nos serão dados por São Josemaria Escrivá que assim e então nos vai guiando.
 
Não é de Deus o que rouba a paz da alma. (Caminho, n. 258).
Característica evidente de um homem de Deus, de uma mulher de Deus, é a paz na sua alma; tem “a paz” e dá “a paz” às pessoas com quem convive (Forja, n. 649).
É preciso unir, é preciso compreender, é preciso desculpar…  A Cruz de Cristo é calar-se, perdoar e rezar por uns e por outros, para que todos alcancem a paz (Via Sacra, 8ª est., n.3).
Assim como Cristo «passou fazendo o bem» (At X, 38), assim temos nós que desenvolver uma grande sementeira de paz pelos caminhos humanos (É Cristo que passa, n.166).
 
Pedido
Senhor, tu sabes quanto eu desejo ter a tua paz dentro de mim! Mas bem sei que não poderei consegui-la enquanto guardar mágoas e ressentimento no coração, como feridas que nunca  cicatrizam.
Desejaria ser capaz de fazer o que diz São Paulo: «Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra alguém… E a paz de Cristo triunfe nos vossos corações» (Col 3,13.15). Sem a tua ajuda, Senhor, só com o meu esforço, eu nunca vou alcançar essa paz.
Por isso, peço-te humildemente, por intercessão de São Josemaria, a graça de saber perdoar. Limpa o meu coração da contaminação do ódio, da raiva, da aversão e de quaisquer outros sentimentos amargos que dividem, por mais que eu ache que é justa a minha reação às faltas e ofensas dos outros.
 
Ámen.
 
 
[São Josemaria Escrivá, Perdão, Novenas]
 
 
 
 
 
 
 

13.6.16

Cinco Minutos diante de Santo António

Santo António - 5 minutos diante de Santo António
Há quanto tempo te esperava, ó alma devota, pois bem conheço as graças de que necessitas e
que queres que eu peça ao Senhor.
 
Estou disposto a fazer tudo por ti; mas, filho, dize-me uma a uma todas as tuas necessidades,
pois desejo ser o intermediário entre tua alma e Deus, com o fim de suavizar teus males. Sinto
a aflição de teu coração e quero unir-me às tuas amarguras.
 
Desejas o meu auxílio no teu negócio..., queres a minha proteção para restituir a paz na tua
família..., tens desejo de conseguir algum emprego.... queres ajudar alguns pobres..., alguma
pessoa necessitada..., queres a tua saúde ou a de alguém a quem muito estimas? Coragem,
que tudo obterás.
 
Agradam-me também as almas sinceras que tomam sobre si as dores alheias, como se fossem
próprias. Mas eu bem vejo como desejas aquela graça que há tanto tempo me pedes.
Tem fé que não tardará a hora em que hás de obtê-la.
Uma coisa, porém, desejo de ti. Quero que sejas mais assíduo ao Santíssimo Sacramento; mais
devoto para com a nossa Mãe, Maria Santíssima; quero que propagues a minha devoção e
ajudes meus pobres. Oh! Quanto isso me agrada ao coração! Não sei negar nenhuma graça
àqueles que socorrem aos outros por meu amor, e bem sabes quantos favores são obtidos por
esse meio.
 
Quantos, com viva fé, têm recorrido a mim com o pão dos pobres na mão e são atendidos!
Invocam-me para ter êxito feliz em um negócio, para achar um objeto perdido, para obter a
saúde de uma pessoa enferma, para conseguir a conversão de alguém afastado de Deus, e eu,
por amor dos meus pobres cuja miséria está a meu cargo, obtenho de Deus tudo o que pedem
e ainda muito mais.
Temes que eu não faça outro tanto por ti? Não penses nisso, porque prezo muito as
prerrogativas concedidas por Deus de ser o Santo dos milagres.
Muitos outros, como tu, têm precisado de mim e temem pedir-me, pensando que me
importunam. Quanto és tímido, meu bom amigo!
 
Leio tudo no fundo do coração e a tudo darei remédio; hei de obter as graças, não temas.
Agora, volta às tuas ocupações e não te esqueças do que te recomendei; vem sempre
procurar-me, porque eu te espero; tuas visitas me hão de ser sempre agradáveis, porque
amigo afeiçoado como eu não acharás.
Deixo-te no Coração Sagrado de Jesus e também no de Maria e no de São José.
Rezar um Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.
 
 
[Oração, Santo António, Santos]
pelerinage-a-st-antoine-de-padoue-aux-hauts-buttes-pres-montherme-ardennes-france-
sai#fwgallerytop

A oração, vital como a água – II

 
No artigo anterior, respondemos a questão "que é rezar?". Agora, vamos à nossa segunda pergunta:

 
Para que rezar?


Pensamos logo na oração como uma arte para conseguir de Deus aquilo que queremos. Trata-se de uma visão pobre e enganada da oração. Já afirmei, no artigo passado, que rezar é colocar-se diante de Deus em atitude de escuta, de acolhimento e disponibilidade. Mas, para que isso?


Vimos de Deus, por Ele e para Ele fomos criados e em tudo dependemos dele. Ele é nossa realização, nossa plenitude, a saciedade do nosso coração. Somente abertos para ele, vivendo em comunhão com ele, seremos felizes. Mas, temos enorme dificuldade em perceber isso, em viver essa realidade. Nossa tendência é viver a vida centrados em nós mesmos, como se fôssemos o umbigo do mundo e o centro do universo: julgamos tudo a partir de nós mesmos, analisamos tudo segundo nossos interesses e perspectivas, colocamos nossa segurança e nosso apoio em tantas coisas, em projectos, em pessoas, em situações que julgamos importantes para nós... Procuramos ancorar nossa existência em realidades tão passageiras... e temos a ilusão de sermos auto-suficientes, de pensarmos que a vida é nossa de um modo absoluto. Ora, viver assim é viver sem sermos autênticos, é viver uma ilusão: a ilusão de ser Deus! E todos nós temos essa tendência de absolutizar o que é relativo e relativizar o que é absoluto: "Sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal" (Gn 3,5)


Pois bem, a oração tem o efeito de nos colocar continuamente diante de Deus, único Absoluto. Quando rezamos, vamos deixando que Deus Se vá tornando, de facto, Alguém, na nossa existência; não uma ideia, mas uma Pessoa; não algo, mas Alguém! Vamos, aos poucos, aprendendo a ver-nos e ver o mundo à luz de Deus; na luz d'Ele, vamos começando de verdade a ver a luz.


Deus vai se tornando o centro da nossa vida e vamos, pouco a pouco, nos relativizando a Deus e colocando tudo em relação a ele e em função dele. A oração, portanto, tira-nos do centro e nos faz perceber que Deus é o verdadeiro centro e que nós somos relativos, relativos a Ele. A oração ensina-nos a colocar Deus no lugar de Deus, nos faz deixar que Deus seja Deus de verdade.


Vamos percebendo com todo o nosso ser, que nossa existência depende dele e somente n´Ele seremos nós mesmos porque seremos aquilo para que fomos criados. Deixando que Deus seja o centro, ficamos livres do enorme peso que nos tornamos para nós mesmos, com nosso instinto desarrumado de auto-afirmação compulsiva. Pensemos no nosso terrível fardo: a tendência de nos afirmar diante dos outros em tudo: na vida afectiva, profissional, social, económica... A tendência de controlar nosso destino e o dos outros... É um verdadeiro inferno! A oração nos liberta disso tudo e nos amadurece. O verdadeiro orante sabe que sua vida está nas mãos de Deus e tem valor porque é valiosa aos olhos de Deus. O orante não é um tolo passivo e alienado, mas alguém que sabe que Deus tem um projecto para sua vida e para a vida do mundo e, assim, constrói responsavelmente sua existência e procura melhorar a realidade à sua volta, mas sem stress, sem aquela tensão de quem não vê senão a disputa que é a vida, com a concorrência, os acasos e a competição louca do cada um por si.


Quem reza, compreende que, para além de tudo, há Alguém amoroso, providente, justo que é parceiro no nosso caminho. É interessante, mas o verdadeiro amigo de Deus, ao mesmo tempo em que se relativiza, percebe o seu valor diante de Deus, sente-se amado, aconteça o que acontecer e, assim, encontra forças para enfrentar os desafios da vida e vencê-los.



Note-se que a oração não tem como finalidade primeira conseguir de Deus as coisas, mas nos fazer perceber a verdadeira realidade: quem é Deus e quem somos nós. Assim fazendo, faz-nos viver uma existência autêntica e feliz.



Somente a oração nos faz compreender o verdadeiro sentido de todas as coisas, porque começamos a ver da perspectiva de Deus e não da nossa própria. Sem ela, confundiremos Deus connosco mesmos, Sua vontade com a nossa. Sem rezarmos, perderemos de vista o sentido do que nos acontece, exaltando-nos de modo bobo quando as coisas nos ocorrem favoravelmente e nos prostrando de modo infantil quando um desastre atinge nossa vida. Portanto, não há modo de viver de verdade como crente, de ser alguém aberto para o Transcendente, sem a capacidade de rezar.



Se pensarmos que o cristianismo não é uma ideologia, uma teoria sobre Deus, mas uma relação viva e dinâmica com Ele, então poderemos perceber que de modo algum se pode ser cristão sem o exercício contínuo e perseverante da oração. Por isso, os místicos e sábios cristãos sempre advertiram que ninguém nos mostre outro caminho para Deus que não a oração. Sem ela, todo o resto cai por terra na nossa relação com o Senhor. Nem uma boa ação que fizéssemos, nem a maior obra de caridade que executássemos seria realmente por amor a Deus fora do terreno da oração. Poderíamos, sem rezar, fazer, no máximo, obras de filantropia, como o Lions e o Rotary Club ou obras motivadas por uma ideologia, como os partidos políticos e as ONGs, mas nunca obras realmente cristãs.
 


 
 
[Oração, Dom Henrique]

 

9.6.16

A oração, vital como a água – I

 
 O Senhor Jesus rezou e nos mandou "rezar sempre, sem jamais esmorecer" (Lc 18,1). Os místicos e os pregadores cristãos sempre insistiram na importância da oração. Por quê? Pra quê rezar louvando, se Deus não precisa de nosso louvor? E pra quê rezar pedindo, se Deus sabe do que precisamos? Será mesmo o homem capaz de modificar o desígnio de Deus, que é infinito? Pode o homem argumentar com Deus, de modo a fazê-lo mudar de ideia? Neste artigo e nos próximos, proponho-me refletir sobre estas três questões: Que é rezar? Para que rezar? Como rezar?

 
 
Que é rezar?

De modo apressado, na ponta da língua, afirmamos: rezar é conversar com Deus, é falar com ele. Santa Tereza, no seu "Caminho da Perfeição", deu uma definição que se tornou clássica: "Rezar é tratar de amor com quem sabemos que nos ama". Tudo isso é verdade, tudo isso é rezar. Mas, biblicamente, a oração é bem mais que isso. Não se trata primeiramente de conversar com Deus, mas de colocar-se diante dele, caminhar na sua presença, aberto para ele. Observe-se que nas definições dadas, parece que rezar é coisa nossa: falamos e Deus escuta; tomamos a iniciativa e Deus acolhe. E não é isso! Na oração, o sujeito é primeiramente Deus, e não nós mesmos. É Ele quem fala, é Ele quem toma a iniciativa: "Ouve, meu povo, eu te conjuro; oxalá me ouvisses, Israel!" (Sl 80, 9)

Rezar é, antes de tudo, uma atitude de abertura e escuta diante do Senhor que vai falar: "O primeiro mandamento é: Ouve, ó Israel..." (Mc 12,29). A oração só começa e somente é possível quando nos colocamos nesta atitude de total disponibilidade ante o Senhor, na obediência e no reconhecimento que Ele é o Senhor: "Quero ouvir o que o Senhor irá falar..." (Sl 84,9); "Ah! Se meu povo me escutasse, se Israel andasse sempre em meus caminhos... (Sl 80,14). Um belíssimo exemplo de disponibilidade do verdadeiro orante é o salmo 118.
 
Todo ele é um cântico apaixonado à Lei de Deus. Lei, aqui, no sentido de vontade, de desígnio, de plano, de projecto amoroso do Senhor a nosso respeito: "Que meus caminhos sejam firmes para eu observar teus estatutos. Eu te procuro de todo o coração, não me deixes afastar de teus estatutos. Bendito sejas, Senhor; ensina-me os teus estatutos" (Sl 118,5.10.12). Reza de verdade quem de verdade não fala primeiro ao Senhor, mas primeiro se dispõe a escutá-lo: "Fala, Senhor, que teu servo escuta" (1Sm 3,10). A primeira súplica de quem deseja rezar de verdade é esta: Senhor, "dá a teu servo um coração que escuta" (1Rs 3,9).
 
 
Mas, onde se pode escutar o Senhor falar? A pergunta é importantíssima. Pode ser que pensando escutá-Lo, só escutemos a nós mesmos, a nossos caprichos, ao nosso próprio coração. Como escutá-lo de verdade? Primeira e fundamentalmente, na Sagrada Escritura, lida-escutada num espírito de oração, de disponibilidade, de gratuidade. Nunca deveríamos ler-escutar a Palavra de Deus simplesmente para encontrar respostas. Ela deve ser frequentada gratuitamente, sem outra pretensão que não aquela de um coração que deseja ouvir o seu Amado, aquele que o enche de vida, paz e serena alegria: "Os preceitos do Senhor são retos, alegram o coração; o mandamento do Senhor é claro, ilumina os olhos. Suas palavras são mais doces que o mel escorrendo dos favos" (Sl 18,9-10.11b). Ler-ouvir a Escritura é ouvir o coração de Deus; por isso ela deve ser lida com um espírito de fé, um espírito de total confiança e disponibilidade em relação ao Senhor. A primeiríssima atitude de quem reza não é falar - e muito menos tagarelar diante de Deus: é escutar! "Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como os gentios, que imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles!" (Mt 6,7-8a).
 
Esta frequência à Palavra, esta escuta amorosa e fiel do coração de Deus, vai nos fazendo conhecer e admirar tudo quanto Ele fez, o que ele falou, a sua fidelidade, o seu amor, o seu modo de tratar o seu povo, o excesso da sua misericórdia ao nos enviar o Filho Jesus e nos divinizar com o Espírito Santo. Assim, o fiel vai conhecendo o coração de Deus, vai se encantando com o Senhor a aprendendo a nele confiar e a ele se abandonar. A escuta vai nos fazendo homens e mulheres amigos de Deus, homens e mulheres de Deus, que começam a sentir o coração seu coração divino e a compreender os modos do Senhor. Esta escuta perseverante e fiel da Escritura, irá nos ensinando a escutar o apelo de Deus, seu desígnio para nós, na palavra de Igreja, nos acontecimentos da vida, nos apelos dos irmãos e em tudo que nos aconteça. Aí sim: tudo irá se tornando uma palavra do Senhor para nós. Mas, estejamos atentos: somente a partir da Palavra em sentido estrito, que é a Escritura Sagrada, aprenderemos a discernir as palavras de Deus nas outras realidades da vida. Sem partirmos da Escritura, escutaremos nas outras ocasiões somente a nós mesmos e nossos caprichos.
 
Esta atitude de escuta suscita no nosso coração uma resposta, cheia de confiança, admiração e amor, que brota do mais profundo de nós. Então, cantaremos, agradeceremos, louvaremos, pediremos ou, simplesmente, choraremos: "Eu derramo minha alma perante o Senhor" (1Sm 1,15b). Agora sim: a escuta provocou a resposta; resposta dócil, obediente, amorosa, adorante, admirada! Então, estabelecer-se-á o diálogo que é fecundo, que não é tagarelice, que é "tratar de amor com quem sabemos que nos ama". Deus falou e nós respondemos com a palavra, com o afecto, com o louvor, com as lágrimas, com o silêncio contemplativo, com a vida.
 
 
 
 
[Oração, D. Henrique]