10.8.16

O sentido da vida

 
Contam que um velho sábio contemplou o mundo do alto de uma montanha. Viu gente se
amando e gente se matando. O velho sábio desceu a montanha e perguntou a uns:
 
— Por que vocês se matam?
— Porque ainda não descobrimos o sentido da vida - disseram eles.
 
E o velho sábio perguntou aos outros:
 
— Por que vocês se amam?

—  Porque já descobrimos o sentido da morte - sorriram...
 
O velho subiu novamente à montanha e interrogou a si mesmo:

— O que será preciso fazer para descobrir o sentido da vida e da morte?
 
Você possui a resposta. De Belém ao Calvário, da Páscoa ao dia da Ascensão, Jesus mostrou o caminho, ensinando-nos que é dentro do coração humano que a grande revolução do amor deve acontecer; ser pobre, ser justo, ser fraterno, ser verdadeiro,  misericordioso, optimista e cordial. Nesta agenda revolucionária, a vida vence a morte e  a própria morte se transforma em vida.
 
Quem semeia esperança, nos caminhos dos homens, colhe paz e amor. Uma das coisas boas da
existência, é viver cada segundo como se fosse o último, com jeito de ... NUNCA MAIS!
 
O mundo não envelhecerá, enquanto você e eu continuarmos sorrindo, acreditando,
empenhando-nos a fundo na sua transformação. Deus está connosco. E Deus, é sempre jovem.
 
O que amarrota, planta rugas e faz caducar, é o desânimo, o pessimismo, a falta de esperança,
a irresponsabilidade, falta de Fé e de entusiasmo dos que nasceram para testemunhar, para
construir e para dizer ao mundo que Deus é sempre jovem.

O que mata e faz envelhecer é o egoísmo, a prepotência, covardia e a omissão...
 
Esta é a grande tarefa que Cristo nos deixou:

Contagiar, na força pascal do Evangelho, tudo o que morre e vai envelhecendo sobre a face da
terra.
 
Lino Villhaçá é um paciente do sanatório S. Julião, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso
do Sul. Portador do mal de Hansen, desde a idade de 12 anos. A dor não o revolta e a doença,
que o limita, não o isola espiritualmente do grande milagre e ânsia de viver. De dentro daquele
tronco retorcido brotam elementos de vida. Lino, com sua lepra, tem mais vida que muita vida
que se arrasta por aí...
 
Ele escreveu um poema, intitulado:  "Acto de fé nos homens" E dele surgem pensamentos
magníficos como este:
 
— De dentro de todo o mal que existe, eu creio no bem, como no ventre da noite creio no amanhecer.
 
E, numa entrevista, confessa:
— Tudo é difícil para mim; até para um copo de água, dependo da boa vontade de alguém.
Minha filosofia de vida, é: lutar e vencer. Por serem tão difíceis é que as pérolas valem tanto e,
ao procurá-las, conquista-se o mar...
 
— Amo a vida sem revolta, porque o importante é manter nela, vivo e íntegro, o amor em Deus,
através das coisas boas que existem.

Ele já escreveu dois livros. Seu pensamento é triste e forte - um grito de de dor e de esperança; um acto de fé indómito. Diante do Cristo crucificado, Lino diz:
 
— Senhor, quando vejo homens se sacrificando por gente sem nome e lugar;
quando vejo homens se consumindo por um ideal de liberdade e de dignidade
para os demais seres humanos, então eu entendo, Senhor,
por que Te deixaste prender nesse triste madeiro e como chega até mim a luz do teu divino gesto de amor!
 
Com sua lepra, numa cadeira de rodas, tem mais vida que muita vida. Ama a vida e seus
irmãos por ter descoberto o sentido da vida e da morte.

Investe na vida toda a sua fé e esperança, e,  no seu sofrimento, encontrou a luz que brota do
Calvário, da Eucaristia, da Ressurreição. E a grande alma de Lino jorra clarões de Páscoa,
dentro dos nossos cansaços e desalentos, a incentivar-nos, a crer e a prosseguir na tentativa
de iluminar um pouco o palco conflituante do mundo, no qual nos movemos. É dele este verso
encorajante e banhado de optimismo:
 
— Por que chorar o que se perdeu?
Faço valer o pedaço que me ficou...
...,
 
"Quando chover, em vez de chorar,
lembre de mim, que, não cedi um palmo!"
 
Deus está connosco e é Jovem em cada amanhecer!
 
 
[Trechos — Roque Schneider Na escola da vida-2]
 

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