31.8.16

Da Oração



Para rezar junto ao mar

A dada altura no Evangelho de São Mateus pode ler-se: «Jesus saiu de casa e foi sentar-se
junto do mar» (Mt 13,1). Ponho-me a pensar nas nossas pequenas migrações de Verão.
Milhões de pessoas repetem este gesto de Jesus. Eu acredito que tal como os outros gestos de
Jesus, nesse também há um gesto libertador. Há uma liberdade que o vento fresco do mar
arrasta para o nosso coração. Somos habitados por uma fome de vastidão, de silêncio e de
beleza que a contemplação do oceano consola. Porque, como escrevia Fernando Pessoa, somos
da altura do que vemos e não simplesmente da nossa altura.


De Geógrafos a Viajantes

A oração faz-nos passar de falantes a experimentadores, de geógrafos a viajantes; torna-nos
peregrinos. A oração tem este critério de verdade: não são as palavras que repetimos o mais
importante. O que o a gente verdadeiramente não esquece, Senhor, é o toque do Teu olhar
misericordioso, a delicadeza extraordinária da Tua misericórdia que se derrama sobre as nossas
feridas, desacordos e incertezas. O que a gente não esquece é a experiência da Graça
desenhada pela Tua presença, a maior parte das vezes até silenciosa, mas que brilha dentro
das nossas noites com o brilho da estrela que anuncia a manhã.

[José Tolentino de Mendonça - um Deus que dança - 107/08]

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