1.8.16

Bendita solidão

 
«Deus está em tudo, mas esse tudo não é Deus»
 
“As almas acostumadas a ver o Criador nos mais pequenos detalhes da Criação, nas maravilhas
da natureza, na harmonia do Introito de uma Missa, ou no coração de um homem, que dúvida
há de que gozam de Deus e que Deus se vale de tudo isso para muitas vezes despertar a uma
alma adormecida? Que efectivamente a alma vê a Deus, ninguém o duvida, mas é de uma
maneira imperfeita, pois antes de chegar à paisagem, sua vista se detém seja na névoa, num
insecto, no sol, num pouco de música ou na grandiosidade de um coração.
 
Claramente se chega a ver que é na solidão de tudo onde deveras se encontra a Deus...! Que
grande misericórdia é a Sua quando, fazendo-nos saltar por cima de todo o criado, nos coloca
nessa planície imensa, sem pedras nem árvores, sem céu nem estrelas, nessa planície que não
tem fim, onde não há cores, onde não há nem homens, onde não há nada que distraia a alma
de Deus!
 
Infinita bondade do Eterno que, sem que mereçamos, nos coloca nessas regiões de solidão para
ali falar-nos ao coração.
 
Infinita paciência a de Deus que, dia após dia, noite após noite, vai perseguindo as almas
apesar de suas quedas, apesar de suas ingratidões e egoísmos, apesar dos obstáculos que
continuamente colocamos, apesar de esconder-nos muitas vezes, não de seu castigo, mas, dá
vergonha dizê-lo: da sua graça.
 
Bendita solidão que nos aproxima de Deus!”
 
 
 
Frei María Rafael Arnáiz Barón 
 

 

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Salvé Regina!