19.5.16

Oração e...

Oração e...
(Ai, a Santa) Paciência...
 
Muitos são os que empreendem a via da oração. Alguns desistem quase logo de entrada, dizendo: Eu não nasci para isto. Dizem também: É tempo perdido; não vejo resultados. Outros, fatigados, ficam-se pelos primeiros andares, instalam-se na mediocridade, continuam na actividade, mas rastejando pelo chão. Há-os também que avançam, entre dificuldades, até às insondáveis regiões de Deus.
O principal inimigo é a inconstância, que nasce da sensação de frustração que a alma sofre quando se dá conta de que os frutos não chegam ou não correspondem ao esforço despendido. Tantos esforços e tão poucos resultados, dizem. Tantos anos dedicados assiduamente à oração e tão pouco progresso.
(...) Dizem uns que a paciência é a arte de esperar. Outros respondem que é a arte de saber. Nós poderíamos completar, combinando os dois conceitos: é a arte de saber esperar. Espera-se porque se sabe. Por outras palavras, a paciência é um acto de espera porque se sabe e se aceita com paz a realidade tal como ela é.
Que realidade? No nosso caso, trata-se de duas realidades. a primeira é que Deus é essencialmente gratuitidade e, por conseguinte, o «seu proceder» é essencialmente desconcertante. E a segunda é que tudo o que é vida avança de modo evolutivo.
* * *

O mais difícil para os que se alistaram na milícia da fé, é ter paciência com Deus.
(...) Deus é o Manancial onde tudo nasce e tudo se consuma. É o poço inesgotável de toda a vida e graça. Tudo dispóe e dispensa segundo o seu beneplácito. No dinamismo geral da Sua economia, uma só direcção existe: a de dar.
Ninguém Lhe pode exigir nada. Ninguém pode questioná-Lo, enfrentá-Lo com perguntas. As relações com Ele não são da natureza das nossas relações humanas. Nas nossas inter-relações há contratos de compra e venda, trabalho e salário, mérito e prémio. Na relação com Deus nada disso existe. Há apenas oferta, graças, dádiva. Ele é doutra natureza: Ele e nós estamos em órbitas diferentes. Aquele que se decide a tomar Deus a sério, a primeira coisa que precisa fazer, é tomar consciência desta diferença e aceitá-la com paz. É isto que significa ter paciência com Deus.
(Haja Deus, haja Paciência - digo eu...)
(...) no reino de Deus não existe o verbo pagar nem o verbo ganhar. Ali nada se paga porque nada se ganha. Tudo se recebe. Tudo é oferta, graça. Estamos em órbitas diferentes.


«As minhas medidas não são as vossas medidas. Os meus critérios são outros porque é outra a minha natureza»

 
[Oração, eu, e trechos de I. Larragñaga]
 

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