7.9.16

Oração e "tempo"

 
Rezo a Maria, o terço ou a Jesus?
 
Maria nunca abandona aqueles que se voltam para Ela na oração. Assim a oração contínua e aconselhada por Jesus no Evangelho não é uma actividade espiritual entre as outras, ela está intimamente ligada ao desejo de fazer a vontade de Deus: é uma questão de vida ou de morte. Sem a oração, é impossível a humildade, a castidade, a pobreza e o espírito de infância. Se orares, resistirás na provação e na tentação, mas se não perseverares, não desejarás o Pai e não te empenharás em fazer a Sua vontade.

Se investires assim na oração a Maria, seja por meio do terço, pela oração do coração ou pela invocação, chegarás a perguntar a ti mesmo se não passarás demasiado tempo a orar à Virgem. (…) É preciso saber repartir o tempo: se num momento oras a Maria, em seguida rezarás ao Senhor Jesus e ao Pai. É preciso saber medir, no sentido de limitar o lugar concedido a Maria, como se tivesses que gerir o teu orçamento-tempo para não passares nele «demasiado tempo». Este é o esquema da repartição que se pode pôr muitas vezes aos homens de oração. Mas, de facto, é um falso problema que não deve ser considerado ao nível de tempo, mas na unidade da tua vida de oração.

A pouco e pouco, irás compreender melhor a unidade da vida mariana: não há dois tempos: um tempo para rezar à Virgem e um tempo para rezar ao Senhor. Na tua vida de oração, não há dois actos, isto é, uma oração a Maria e depois uma oração à Trindade. A vida mariana caracteriza-se pela unidade: há um só acto e um só tempo. Quando conheceres melhor a Virgem por dentro, verás que Ela Se desapropriou totalmente dEla própria: nEla, Deus ocupa todo o espaço, pois Ela está em plena relação com as Três Pessoas da Santissima Trindade.

Deves por isso renunciar ao receio de concederes demasiado espaço a Maria na tua oração , e pelo facto de renunciares à ilusão de um domínio da tua vida espiritual, em virtude do qual farias a repartição. A unidade da vida mariana quer dizer que se tu viveres em Maria, nEla encontrarás Deus. Se escutares maria, nEla escutarás a Palavra de Deus, não depois, não algures, mas nesse próprio momento e nesse próprio acto.

(…) Pouco importa que encontres Deus em Maria ou que encontres Maria em Deus, tu mergulhas sempre na mesma atmosfera trinitária, quer seja por dentro, quer seja por fora.

Em vez de te perguntares como vais rezar, de saberes como vais repartir as intenções da tua oração pessoal, podes correr o risco de te perderes em Maria. Será Maria , Ela própria, que conduzirá a tua oração, mas o importante é aceitares perder-te.

O que te pode dar a audácia de te perderes em Maria, é compreenderes que, no mistério de Deus, Maria não serve de ecrã, mas Ela é, sim, pelo contrário, a morada do encontro com Deus. Ela é a nuvem luminosa do Êxodo, na qual Deus Se te dá a conhecer, Ela é como a Tenda do encontro, onde Deus Se manifestou a Moisés, Ela é como a nuvem ligeira que envolve Jesus no mistério da Transfiguração.

Tu encontras Deus em Maria, visto que Ela é o lugar espiritual do encontro. Tu encontras Maria em Deus, porque Deus é Aquele que reúne, que te põe em relação com todos aqueles que, hoje vivem da Sua vida e, portanto, com Maria por excelência. É no fundo uma questão de experiência que escapa à maior parte daqueles que oram a Maria sem irem até ao fim da sua oração."
 
[Maria, J. Lafrance - trechos - Oração]

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Salvé Regina!