Quereis saber qual é o valor da vossa fé?
Cristo morreu por ela. Sendo assim, porque é que procuras a recompensa terrena, apegado como estás ao ouro e ao dinheiro? É um insulto que fazes à fé, pela qual Cristo morreu. “Mas como é – perguntará alguém – quanto é que ela vale?”. Presta atenção àquele que diz:
Que é que eu tenho no céu?
De facto, ele não concretiza o que é que haverá no céu. Mas diz assim: Que é que eu exigi de ti nesta terra? (Sl 72, 25). Louvando o que há no céu e rejeitando o que há na terra, ele acabou por responder a ambas as perguntas. O que é que há no céu? O que os olhos não veem (Is 64, 4).
Que é que há na terra?
O que os olhos dos fiéis não querem ver.
O que é que há no céu?
Aquilo que o Lázaro coberto de chagas pôde encontrar.
O que é que há na terra?
O que o rico avarento possuía (Cf. Lc 16, 22).
Que é que há no céu?
Aquilo que não pode perecer.
O que é que há na terra?
O que não pode perdurar.
Que é que há no céu?
Ausência de sofrimento.
Que é que há na terra?
O medo constante.
Que é que eu tenho no céu? O quê?
Aquele que fez o céu. O valor da tua fé é o teu Deus. Tê-lo-ás a Ele. Ele dispõe-se a ser Ele próprio a recompensa para os que lhe prestam culto. Considerai, irmãos caríssimos, todas as criaturas: o céu, a terra, o mar, o que está no céu, na terra e no mar. Como tudo é belo, como tudo é admirável, como tudo está disposto digna e ordenadamente! Impressiona-vos estas coisas? Com certeza que impressionam.
Porquê?
Porque são belas.
Quem é que as fez?
Creio que ficaríeis embasbacados, se vísseis a beleza dos anjos.
Quem é, pois, o criador dos anjos?
É aquele que é a recompensa da vossa fé. Ó avaros, com que é que vos haveis de saciar, se o próprio Deus vos não sacia?.
«Trabalhoso é o tempo da fé. Quem o pode negar? É trabalhoso, mas este é o trabalho que corresponde àquela recompensa. Não queiras ser preguiçoso no trabalho, do qual desejas receber a recompensa»
(Santo Agostinho).
Sermão 19, 5
Da obra: "Sim, cremos: O Credo comentado pelos Padres da Igreja"
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Salvé Regina!