1.7.16

Não permitas, Senhor...

 
Bendito Jesus, como expressar-Te, oh Senhor, a grande ternura que minha alma sente ante a
doçura de Teu Amor? Que fiz eu, Deus meu, para que assim me trates? Tão de imediato se
inunda minha alma de profunda amargura como se preenche de regozijante alegria ao pensar
em Ti e no que Tu prometes ao final da jornada. Que fiz eu, Senhor?
 
Hoje, na Santa Comunhão senti o consolo de um verme perto de Ti, quando tudo parece que
me abandona. Quis, Senhor, cravar em Teu Coração essas palavras que digo todos os dias:
 
Não permitas, Senhor, que me afaste de Ti!
 
Abraçado a Tua Cruz, entrei no Capítulo... 
Ao pé da Tua Cruz tomei o Alimento de que necessita minha débil natureza...
Aos pés de Tua Ensanguentada Cruz, encontro o consolo de escrever estas linhas...
 
Não permitas que me afaste de Ti, Senhor!
 
Esteja sempre, Senhor, à sombra do Duro Madeiro. Põe ali, a Teus pés, minha cela, meu leito...
Tenha eu, Senhor, ali minhas delícias, meus descansos no sofrer...
Que regue o solo do Calvário com minhas lágrimas...
Ali, ao pé da Cruz, tenha minha oração, meus exames de consciência...
 
Não permitas, Senhor, que me afaste de Ti!
 
Que alegria tão grande é poder viver ao pé da Cruz. Ali encontro a Maria, a São João e a todos
os que Te amam. Ali não há dor, pois ao ver a Tua, Senhor, quem se atreve a sofrer? Ali tudo se
esquece, não há desejo de gozar, nem ninguém pensa em penas...

Ao ver Tuas Chagas, Senhor, só um pensamento domina a alma...
Amor... Sim, amor para enxugar Teu Suor, amor para adoçar Tuas Feridas, amor para aliviar
tão imensa Dor.
 
Não permitas, Senhor, que me afaste de Ti!
 
 
 
S. Rafael Arnáiz Barón - Escritos

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Salvé Regina!