7.5.16

Oremos!

Orar não é fácil

Na minha opinião, uma coisa que prejudica e desorienta as almas é dizer-se que é fácil rezar, tão fácil como conversar com o pai, a mãe, ou com um amigo. Compreendo que seja fácil fazer uma oração vocal, umas petições comunitárias, umas jaculatórias ou uma comunicação superficial com Deus.
Mas aprofundar os imperscrutáveis mistérios de Deus, acostumar e habilitar as faculdades psicológicas ao crescimento da graça, condicionando esse crescimento aos vaivéns da estrutura humana, continuar a avançar pelas encostas  obscuras e  fatigantes das exigências de Deus para a união transformadora... Esse processo é de enervante lentidão e dificuldade. Entre as acções humanas, o avançar a fundo na vida com Deus é a operação mais complexa e difícil.
(...) Seja como for, com pouca oração, sem perseverança nem disciplina, não podemos esperar uma forte experiência de Deus, nem tampouco uma transformação da vida nem, portanto, profetas que resplandeçam.

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Orar é uma arte


Embora rezar seja fundamentalmente obra da graça, é também uma arte; e como arte está sujeita, a nível psicológico, a normas de aprendizagem como qualquer actividade humana. Rezar bem exige, pois, método, ordem e disciplina. Numa palavra técnica.

Compreendo que para uma simples camponesa, sem necessidade alguma, Deus, por meio de graças infusas e gratuidades extraordinárias, pode desvendar insondáveis panoramas do mistério do Seu Ser e do Seu Amor. Mas essas graças não se merecem nem se conseguem à força. Recebem-se independentemente de todo o cálculo e lógica porque são gratuitidade absoluta.

A técnica sem a graça, não conseguirá nenhum resultado. Mas, em sentido inverso, observei muitas vezes, com um simples olhar, que «fortes apelos», almas dotadas de alta potência, ficaram nas primeiras rampas da vida com Deus, por falta de esforço ou disciplina, quando na realidade tinham «recebido» asas e motores para ascensões extraordinárias.

Pensemos quantos anos são precisos, quantas energias e pedagogias para qualquer formação humana: um pintor, um compositor, um profissional técnico. Se rezar, entre outras coisas, é uma arte, não sonhemos alcançar um alto estado de vida com Deus sem energia, ordem e método.

(...) Deus submete-nos às leis evolutivas da vida, tal como no caso do grão de mostarda: é uma semente insignificante quase invisível. Semeada, passam dias e semanas, e parece que  nada vai acontecer. Entretanto, ao fim de certo tempo, começa a surgir algo como o projecto de uma planta que quase não se vê. Passados meses, cresce, cresce até que se torna um espesso arbusto, lança ramos e vêm pássaros fazer nele os seus ninhos (Mc. 4, 30-33).

Este processo lento e evolutivo é válido para toda a vida, para o crescimento na oração, na vida fraterna, para plasmar na nossa vida a Imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

IGNACIO LARRANÃGA
oração - 1

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